O presidente americano, Donald Trump, mostrou-se otimista sobre um acordo próximo com o México no âmbito da atual revisão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), enquanto negociadores dos dois países se reúnem em Washington.

O Nafta, em vigor entre Estados Unidos, México e Canadá desde 1994, está sendo revisado há um ano a pedido de Trump, que o considera “um desastre” para seu país e chegou, inclusive, a ameaçar deixá-lo.

Mas funcionários de Estados Unidos e México disseram nos últimos dias que estão perto de fechar um acordo, após terem iniciado no fim de julho conversas para resolver assuntos bilaterais depois de uma estagnação das negociações dos três sócios em maio, em parte devido às eleições presidenciais mexicanas.

“Nossa relação com o México se fortalece a cada hora. Pessoas muito boas no antigo e no novo governo e todos trabalham estreitamente em conjunto… Um grande Acordo Comercial com o México pode ser alcançado em breve!”, tuitou Trump.

O secretário mexicano da Economia, Ildefonso Guajardo, chefe-negociador do Nafta para seu país, elogiou o ânimo de Trump, ao chegar ao escritório de seu contraparte, o representante comercial americano Robert Lighthizer.

“Que bom que (o presidente) tem esse otimismo. Acredito que, dependendo do que acontecer hoje, poderíamos confirmá-lo. Mas ainda não estamos lá, como disse antes”, declarou a jornalistas.

“Hoje será um dia importante”, acrescentou.

O chanceler mexicano, Luis Videgaray, que tem ido seguidamente a Washington para participar das reuniões ao lado de Guajardo, limitou-se a considerar como interessante” o tuíte de Trump.

“Muito positivo”, avaliou, por sua vez, Jesús Seade, delegado nas negociações do Nafta do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, ao retornar neste sábado a Washington para se somar às conversações.

“Ele é um homem com um estilo de que gosto muito”, disse a respeito de Trump. “Acredito que isto reflete a realidade, acho que vamos bem”.

Guajardo assegurou na sexta-feira que as negociações com os Estados Unidos estão “muito avançadas” e que sua contraparte canadense, a chanceler Chrystia Freeland, se somará à mesa assim que for convocada.

“Tenho confirmação dela de que estará disponível no momento em que acreditarmos que podemos fazer ingressar na tripartite”, disse, assegurando que a comunicação com o Canadá é “permanente”.

Os negociações enfrentam a data limite do fim de agosto para alcançar um novo acordo Nafta se quiserem assiná-lo antes de o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, entregar o cargo a López Obrador em 1º de dezembro, visto que o Congresso americano deve ser informado do pacto 90 dias antes de sua assinatura.

– Cláusula de extinção “vai sair” –

Guajardo não informou no sábado o que falta resolver com os Estados Unidos, depois de cinco semanas de discussões centradas particularmente no tema candente das regras de origem da indústria automotiva, que Washington quer tornar mais rígidas.

“Estivemos trabalhando e avançado em assuntos, mas nada termina até que realmente tudo termine”, destacou.

Segundo o acordo em vigor, um automóvel deve ter 62,5% de componentes americanos para não pagar tarifas alfandegárias, mas os Estados Unidos propôs elevá-lo a 85%. Fontes destacaram que embora em seguida Washington tenha reduzido este percentual a 75%, as partes não só negociam estes percentuais, mas o calendário para a imposição de novas taxações.

Outro tema espinhoso desde o início da revisão do Nafta é a polêmica “cláusula de extinção”, proposta pelos Estados Unidos, que obrigaria revisar o acordo a cada cinco anos, ao que tanto México quanto o Canadá se opõem.

Seade, que na quinta-feira disse a jornalistas na Cidade do México que a polêmica ficará de fora do novo Nafta, insistiu em que a “sunset clause”, como é conhecida em inglês, “vai sair”.

“Vai para fora a proposta dos Estados Unidos de que isto acabe a cada cinco anos”, antecipou.

“Não é mais o que os Estados Unidos estavam propondo de forma nenhuma; é um enfoque centrado em avaliação futura e continuação”, acrescentou, antecipando que os prazos seriam mais longos para dar maior certeza aos investidores.

“Nenhum investidor se preocupa com prazos de 10 a 15 anos e até mais. Isso não é um problema”, disse.

Seade concordou com Guajardo em que este é um tema “trilateral”, mas confiou em que o Canadá estará de acordo com o proposto pelo México.

Para o México, o Nafta é vital, pois 80% de suas exportações vão para o mercado americano, embora o governo esteja tentando diversificar gradativamente seus destinos comerciais.