Donald Trump conseguiu algo que parecia impossível. Após o seu primeiro discurso sobre o Estado da União, o relatório anual apresentado pelo presidente americano no Congresso, ele alcançou 48% de aprovação dos americanos, segundo sondagem da CNN. Esse é um feito importante para um presidente que bateu recordes de impopularidade. Em seu discurso de 80 minutos, um dos mais longos e tuitados da história, Trump usou um tom ameno, diferente do seu linguajar usual nas redes sociais. Essa foi a mesma estratégia utilizada no Fórum Econômico Mundial, em Davos, há duas semanas.

Para melhorar sua imagem com os principais homens de negócios do mundo, o presidente americano deixou o improviso de lado e seguiu o discurso preparado pelo seu conselheiro econômico, Gary Cohn, ex-Goldman Sachs. “Pela primeira vez, Trump comportou-se como um presidenciável”, diz Alfredo Guevara, pesquisador-visitante da Universidade do Sul da Flórida. De terno escuro e gravata azul (ironicamente a cor dos democratas), o republicano procurou colocar panos quentes em questões controversas. Ele precisa que democratas e republicanos entrem em acordo sobre a reforma migratória, um impasse que culminou na paralisação de 72 horas do governo, em 20 de janeiro.

Os partidos têm de se acertar até o próximo dia 8, quando expira o orçamento provisório do governo. Mas Trump disse querer acabar com a “loteria dos vistos” e com a “imigração em cadeia”. “A fala dura sobre imigração deve novamente alienar os democratas, deixando incerto o futuro dos jovens anteriormente protegidos pelo Daca (vistos para quem imigrou quando ainda era menor de idade)”, diz a economista Monica de Bolle, do Petterson Institute for International Economics. Enquanto Trump tentava estender os braços dizendo “este é o nosso novo momento americano”, democratas vestiram-se de preto em apoio ao movimento #timesup, que combate o assédio e o abuso sexual. Era uma provocação ao presidente, que esteve na mira dessas acusações. (L.M.)