Donald Trump distribui golpes sem controle. O presidente americano e seus aliados continuam na luta contra o veredicto das urnas, com a demissão de um alto funcionário encarregado da segurança nas eleições, pressões sobre políticos locais que supervisionam a apuração e recursos judiciais.

Mais de dez dias depois do anúncio da vitória do democrata Joe Biden, o presidente republicano insiste em sua mensagem: “foi uma eleição manipulada”, “venci”, como voltou a escrever nesta quarta-feira (18) em uma série de tuítes matinais.

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“Os observadores republicanos não foram autorizados”, voltou a queixar-se. Na véspera, a Suprema Corte da Pensilvânia havia rejeitado uma denúncia apresentada a esse respeito.

As máquinas que registraram os votos “fizeram trapaças”, acrescentou o presidente republicano, apesar do desmentido feito por várias autoridades eleitorais, inclusive uma que qualificou em um comunicado as eleições de 3 de novembro como as “mais seguras da história dos Estados Unidos”.

Trump não perdoou estas declarações. Na noite de terça-feira, demitiu Chris Krebs, diretor da Agência de Segurança de Infraestrutura e Cibersegurança (CISA), que assinou este comunicado.

Sua avaliação não foi “exata e parecia um ataque partidário destinado a atacar o presidente”, justificou a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, em declarações ao canal Fox.

– Pressões republicanas –

Assim como ela, vários aliados do presidente o apoiam em sua cruzada, embora isto signifique criticar políticos do próprio Partido Republicano.

Brad Raffensperger, secretário de Estado republicano da Geórgia, encarregado de supervisionar o processo eleitoral, foi vítima destes ataques.

Depois que vários congressistas pediram sua demissão, Raffensperger assegura ter sofrido pressões de parte do influente senador Lindsey Graham, que lhe sugeriu invalidar parte dos votos enviados pelos correios.

Graham desmentiu estas acusações. “Sentiu-se ameaçado por nossa conversa, tem um problema”, disse o senador.

A Geórgia concentra as atenções porque ali é feita a recontagem manual de cinco milhões de votos, cujo resultado é muito apertado.

Com essa recontagem, as autoridades descobriram mais de 5.200 votos não contabilizados em dois condados onde os republicanos têm bons resultados.

Trump deveria obter centenas de votos após a recontagem, mas isso não bastaria para alcançar Biden, que dispõe neste momento de uma vantagem de quase 14.000 votos neste estado.

Embora as autoridades locais tenham justificado o ocorrido por uma falha no download dos resultados, Trump aproveitou o incidente para repetir as acusações de “fraudes” maciças e pediu ao governador republicano da Geórgia, Brian Kemp, para se negar a validar os resultados das eleições.

– Queda de braço –

Em Michigan, agentes eleitorais republicanos se negaram nesta terça durante horas a validar os votos registrados no condado que inclui a cidade de Detroit, onde a população negra é majoritária e vota maciçamente nos democratas.

Embora tenham acabado cedendo, esta queda de braço foi um ataque inédito ao trabalho de apuração.

Por outro lado, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giulani, prossegue com a campanha nos tribunais do país, sem nenhum sucesso até o momento.

Para frear o que parece ser inevitável, os aliados de Trump também pediram uma recontagem em dois condados de Michigan.

Apesar dos seus esforços, o tempo se esgota. Os estados começaram a confirmar seus resultados antes da data limite de 14 de dezembro, quando o Colégio Eleitoral vai se reunir para votar formalmente em um ou outro candidato das presidenciais.