Quando Donald Trump se sentar com os líderes do G7 nesta sexta-feira no Canadá, ele deverá estar – teoricamente – com os aliados mais próximos dos Estados Unidos. Mas, perto de completar 500 dias na Presidência, ele coleciona alguns atritos com seus colegas.

A AFP observa alguns dos pontos de atrito entre Trump e os outros membros do grupo.

O italiano Giuseppe Conte, que só foi confirmado como primeiro-ministro nesta semana, vai encontrar seus colegas pela primeira vez.

– Justin Trudeau –

O primeiro-ministro canadense parecia ter conquistado uma inesperada amizade em seu primeiro encontro com Trump. Fotos de sua filha, Ivanka Trump, olhando para Trudeau pareciam destacar a proximidade entre os vizinhos.

Mas a imposição de tarifas sobre o aço e o alumínio canadenses sob alegação de segurança nacional enfureceu Trudeau. Ele afirmou que os tributos são um insulto à memória dos soldados canadenses que morreram durante lutas ao lado de seus colegas americanos.

E Trump teria questionado Trudeau em uma ligação no mês passado sobre os soldados canadenses terem incendiado a Casa Branca em 1812 – embora os responsáveis tenham sido os britânicos.

– Theresa May –

A Grã-Bretanha se orgulha há muito tempo de sua “relação especial” com sua ex-colônia, e a primeira-ministra Theresa May foi a primeira líder estrangeira a ser recebida por Trump.

Mas sua decisão de oferecer uma visita ao americano gerou um contra-tempo, quando opositores ameaçaram uma mobilização maciça.

Os apelos para que o convite fosse revogado aumentaram em novembro passado, depois que Trump retuitou três vídeos anti-muçulmanos publicados pelo grupo de extrema direita Britain First.

Quando May condenou Trump por compartilhar as mensagens, ele retrucou dizendo que ela deveria manter seu “foco no destrutivo Terrorismo Islâmico Radical que está ocorrendo dentro do Reino Unido”.

A visita à Grã-Bretanha está marcada para 13 de julho – e um homem cuja mãe era escocesa agora pode esperar uma recepção tensa em Londres.

– Angela Merkel –

Quando Barack Obama se despediu da chanceler alemã em sua última visita ao exterior como presidente, os olhos de Merkel teriam se enchido de lágrimas ao contemplar a mudança na Casa Branca.

O cumprimento mal-sucedido de Trump com Merkel quando ele a recebeu pela primeira vez em Washington na primavera passada destacou o esfriamento das relações entre os dois líderes mais importantes do mundo ocidental.

Em um discurso em maio, a alemã alertou que a Europa deve aprender “a tomar seu destino em suas próprias mãos” agora que Trump estava no poder.

O ataque de Trump ao setor automobilístico da Alemanha em suas queixas sobre o déficit comercial dos Estados Unidos tampouco ajudou esta relação.

Embora os dois insistissem que não havia tempo ruim entre eles, quando Merkel visitou Washington no fim de abril, a breve visita de um dia teve forte contraste com a recepção grandiosa que Trump fez na semana anterior para o líder da França.

– Emmanuel Macron –

Como outro “outsider” que chegou à política, o presidente da França parecia ter uma compreensão instintiva do fenômeno Trump que os líderes mais antigos tinham dificuldade de entender.

De fato, o aperto de mão de 29 segundos em sua primeira reunião foi um indicador de que eles tinham algo em comum, e Macron chegou até a ser apelidado de “Trump Whisperer”, ou confidente de Trump, após sua bem-sucedida recepção ao presidente americano para as comemorações do Dia da Bastilha, em julho passado.

Mas surgiram tensões durante a visita de Macron a Washington, em abril, quando Trump tirou a caspa do ombro de seu convidado.

Macron, em seguida, fez um discurso no Congresso no qual repudiou grande parte da agenda de Trump, reafirmando seu compromisso com o acordo nuclear com o Irã e com o acordo climático de Paris, para o qual Trump virou as costas.

– Shinzo Abe –

A relação de Trump com o premiê japonês é provavelmente a mais amena entre os líderes do G7.

Decisões como a retirada do acordo nuclear com o Irã – que amargaram as relações com os europeus – tiveram pouco impacto nos laços entre Tóquio e Washington.

Contudo, as tiradas rotineiras de Trump sobre a balança comercial entre Japão e Estados Unidos afetou Tóquio.

Sua determinação em encontrar com o presidente norte-coreano Kim Jong Un também criou preocupação no Japão.