O presidente americano, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (11) que demitiu seu polêmico assessor de segurança nacional, John Bolton, por não ser “inteligente”, em especial com comentários que foram considerados ameaças ao líder da Coreia do Norte.

Em sua primeira explicação completa sobre a demissão de terça-feira, Trump se concentrou nas tensas relações de Bolton com Kim Jong Un, o líder norte-coreano com quem o presidente americano se reuniu três vezes para falar sobre seu arsenal nuclear e que frequentemente descreve como um amigo.

Trump disse que sua desavença com o ex-assessor remontava ao começo de 2018, quando Bolton disse que a desnuclearização da Líbia sob o governo do então líder Muammar Kadhafi podia ser um modelo a seguir com a Coreia do Norte.

Bolton se referia à plena cooperação que Kadhafi manteve com a comunidade internacional nos anos 2000. Mas seu comentário também foi considerado uma ameaça a Kim, visto que em 2011 o ditador líbio foi deposto em uma revolução sangrenta apoiada pela Otan.

“Essa não foi uma boa declaração”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca. “Veja só o que aconteceu com Kadhafi”.

“Retrocedemos muito quando John Bolton falou sobre o modelo líbio”, disse.

Trump assegurou que Kim “não queria ter nada a ver com John Bolton” depois disso. “Não culpo Kim”, afirmou.

O presidente disse que também divergiu com Bolton quando ele incentivou a invasão americana ao Iraque.

Mas a relação na Casa Branca se tornou insustentável devido aos conflitos de personalidade, disse o presidente.

“Ele é alguém com quem de fato tive uma relação muito boa, mas não se dava bem com gente do governo que considero muito importante”, disse.

“John não estava alinhado com o que estávamos fazendo”.

Trump disse considerar cinco pessoas para ocupar o cargo e que espera preenchê-lo na próxima semana.

Este será o quarto assessor de segurança nacional nomeado durante o mandato de Trump. Bolton negou ter sido demitido e disse que renunciou.