O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que promoverá um decreto de imigração que dará aos “dreamers”, grupo de jovens que chegaram ao país irregularmente com seus pais, um caminho para obter a cidadania americana.

“Nas próximas semanas vou assinar uma lei de imigração”, afirmou Trump nesta sexta-feira (10) durante uma entrevista à rede Telemundo, na qual ele também se referiu aos regulamentos como uma ordem executiva.

Trump, que está em campanha pela reeleição em novembro, cancelou em 2017 o programa promovido por seu antecessor Barack Obama para dar proteção legal aos “dreamers” contra deportações e uma permissão de trabalho para esses jovens por meio do programa Ação Diferida para Chegadas de Crianças (Daca).

“Um dos aspectos desta lei será a Daca. Vamos ter um caminho para a cidadania”, acrescentou Trump, que fez da luta contra a imigração irregular uma das pedras angulares de seu mandato.

Nos Estados Unidos, cerca de 700.000 pessoas, a maioria de origem latino-americana, se beneficiam do programa Daca, cujo cancelamento pelo governo Trump foi impugnado em tribunal e terminou com uma decisão da Suprema Corte impedindo a decisão do Executivo de meados de junho.

Durante a entrevista, Trump argumentou que a decisão da Suprema Corte lhe dá “poderes” para emitir este decreto e especificou que os regulamentos serão “baseados no mérito”.

– Baseado em “méritos” –

O porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, emitiu um comunicado indicando que o presidente está trabalhando em uma “ordem executiva para estabelecer um sistema de imigração baseado no mérito, a fim de dar maior proteção aos trabalhadores americanos”.

“O presidente há muito tempo diz que está disposto a trabalhar com o Congresso para negociar uma solução legislativa para a Daca, que inclua cidadania, juntamente com segurança robusta nas fronteiras e reforma permanente com base no mérito”, acrescentou o porta-voz.

Trump foi eleito depois de uma campanha na qual denunciou duramente imigrantes – especialmente mexicanos – e durante seu governo ele lutou muito para construir um muro na fronteira.

Em 2019, o programa Daca estava no centro do confronto entre o governo republicano e o Congresso, que se recusou a aprovar os fundos para construir o muro, levando à paralisia parcial de várias organizações devido à falta de recursos por mais de um mês.

No meio da negociação, Trump ofereceu proteção temporária aos “dreamers” em troca do orçamento para o muro, que foi rejeitado. No entanto, surgem dúvidas sobre a proposta do presidente e Trump quase imediatamente recebeu um questionamento de seu próprio campo pelo senador republicano Ted Cruz.

“Não existe autoridade constitucional para um presidente criar um ‘caminho para a cidadania’ por meio de um decreto”, afirmou Cruz, indicando que a anistia para o programa criado por Obama era “inconstitucional”.

Também alertou que “seria um tremendo erro se Trump tentasse estender “essa proteção.

A associação de imigrantes Roots reagiu no Twitter, afirmando que Trump não pode conceder cidadania aos beneficiários da Daca por ordem executiva e que apenas o Congresso tem esse poder.