O presidente americano, Donald Trump, deu seu apoio nesta sexta-feira à saída do Reino Unido da União Europeia, referindo-se ao ‘Brexit’ como “algo maravilhoso” para o país.

“Acho que quando se realizar, terão sua própria identidade e terão as pessoas que quiserem em seu país”, disse Trump, que recebe na Casa Branca a primeira-ministra britânica, Theresa May.

“Vão poder fazer acordos de livre comércio sem ter ninguém vigiando o que fazem”, afirmou o presidente americano.

Trump expôs, dias antes de assumir o cargo, em 20 de janeiro, o desejo de concluir “rapidamente” um acordo comercial com o Reino Unido, que atualmente negocia sua saída da União Europeia.

“Tenho uma experiência ruim” com a UE, disse Trump. “Quando tinha algo em algum país era muito, muito difícil obter autorizações” de parte de Bruxelas, destacou. “Era fácil, rápido e eficaz obter as autorizações do país. Mas era muito, muito difícil obter as autorizações do grande grupo, o que eu chamo o ‘consórcio'” da UE, detalhou.

“Finalmente, o Brexit será uma enorme vantagem, não um enorme freio” para a Grã-Bretanha, considerou o novo presidente dos Estados Unidos.

Na mesma coletiva, Trump avaliou que “é cedo demais” para falar de aliviar as sanções contra a Rússia, e May considerou que as sanções devem ser mantidas.

“Acreditamos que as sanções devem continuar”, avaliou a primeira-ministra, argumentando que a Rússia mantém “as atividades na Ucrânia”.

“Vamos ver o que acontecerá com as sanções, é muito cedo para falar sobre isso”, disse Trump ao dar as boas-vindas a May, a primeira dirigente estrangeira a visitar os Estados Unidos desde a posse do novo presidente americano, em 20 de janeiro.

May insistiu que Vladimir Putin deve cumprir com os Acordos de Minsk para pôr fim à intervenção militar russa na Ucrânia.

“Acreditamos que as sanções devem continuar até que vejamos que (Putin) aplicou plenamente o acordo de Minsk”, assinalou.

Ao tornar-se a primeira líder estrangeira a ser recebida no Salão Oval da Casa Branca pelo novo presidente republicano, a primeira-ministra britânica acerta um golpe diplomático.

Mas ela também sabe que suas ações serão analisadas pelos aliados dos Estados Unidos que começam a traçar a estratégia a ser adotada com o novo presidente, que chegou ao poder com o slogan “a América em primeiro lugar”.

Como demonstrado pela polêmica provocada pelo projeto de construção de um muro na fronteira com o México, a diplomacia americana inicia uma era muito mais imprevisível.

“Às vezes os opostos se atraem”, disse Theresa May, filha de pastor reservada, evocando a reunião com o imprevisível empresário septuagenário.

Sua decisão de visitar Washington uma semana após a posse do magnata imobiliário criou polêmica no Reino Unido, onde suas declarações a respeito dos muçulmanos, mulheres e uso da tortura digeriram mal.

O Reino Unido espera que as discussões sobre um futuro acordo comercial com Washington comecem rapidamente, mas o seu alcance continua a ser limitado até que a saída da União Europeia não seja efetivada.

O Reino Unido pode “discutir” um possível acordo de livre comércio com um país terceiro, mas não “negociar”, enquanto ainda é membro da UE, recordou a Comissão Europeia.

Na véspera do encontro, May aproveitou-se de um discurso para os republicanos reunidos na Filadélfia para apresentar algumas ideias.

Sim, é imperativo reformar as Nações Unidas, que continua a ser “vital”. Sim, as grandes organizações internacionais, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, são imperfeitos, mas eles desempenham um papel central. E a Otan, disse ela, continua a ser “a pedra angular da defesa do Ocidente.”