O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (29) os líderes republicanos no Congresso pela possibilidade de seu governo terminar com uma humilhante anulação de seu veto ao orçamento da Defesa.

“Os fracos e cansados ‘líderes’ republicanos vão permitir que a terrível Lei de Defesa passe”, declarou o presidente em fim de mandato, de seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, onde passa férias.

“É um ato vergonhoso de covardia e submissão total por parte das pessoas fracas à indústria de tecnologia”, disse Trump, que vetou a regulamentação em parte porque ela não revoga uma seção que fornece proteção contra a responsabilidade das empresas de internet por conteúdos postados por terceiros.

O presidente pediu que eles “negociassem uma lei melhor” e também os criticou por não apoiá-lo em suas alegações – sem comprovação – de que houve fraude nas eleições de 3 de novembro, vencidas pelo democrata Joe Biden.

“Precisamos de uma liderança republicana nova e enérgica”, publicou no Twitter, chamando os líderes de seu partido de “patéticos” e afirmando que muitos parecem ter esquecido que foi ele que os ajudou a serem eleitos.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, ignorou as críticas e agendou uma votação para bloquear o veto do presidente nesta quarta-feira, mas um processo de objeção apresentado pelo senador de esquerda Bernie Sanders pode adiar o processo até sexta.

Sanders e outros democratas querem que seja votada também uma emenda para aumentar de 600 para 2 mil dólares a ajuda direta para os americanos em dificuldades devido à pandemia, medida apoiada pela Câmara dos Representantes e por Trump. McConnell, porém, barrou a manobra.

Nesta segunda-feira, a câmara baixa – controlada pelos democratas – decidiu por 322 votos a 87 o bloqueio do veto que Trump impôs à lei do orçamento da Defesa, de 740,5 bilhões de dólares, com 109 votos de republicanos. No Senado, a iniciativa precisa do apoio de dois terços para ser aprovada e, assim, anular o veto.

– Trump sob pressão –

A votação na Câmara aconteceu um dia depois de Trump ceder à pressão de ambos os partidos e sancionar o pacote de ajuda econômica de 900 bilhões de dólares para ajudar famílias e empresas afetadas pela pandemia, que ele também ameaçou bloquear.

Trump reteve a lei sem assiná-la por dias, apesar do fato de que seu próprio secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, a negociou, e de que o regulamento ganhou apoio bipartidário no Congresso. A ação poderia ter deixado o governo sem recursos a partir desta terça, privando, também, milhões de americanos de ajuda econômica para enfrentar a crise por conta da pandemia.

O presidente finalmente cedeu e assinou a lei no domingo, em um sinal das crescentes dificuldades com seu partido e da queda de seu poder dias antes do final de seu mandato, em 20 de janeiro.

Esses ataques de Trump contra seu próprio partido ocorrem uma semana antes do segundo turno das eleições para o Senado na Geórgia, eleição em que duas cadeiras estão em jogo e que determinará qual partido controlará a câmara alta. Trump tem viagem prevista para esse estado do sul em 4 de janeiro, para apoiar os companheiros David Perdue e Kelly Loeffler nas eleições do dia seguinte.

O estado costumava ser um reduto republicano, mas, nas eleições presidenciais, Biden venceu por uma margem estreita e Perdue e Loeffler estão em um duelo muito próximo com os democratas Jon Ossoff e Raphael Warnock.

Incluindo a lei de Defesa, Trump exerceu o veto nove vezes durante seu mandato, mas, até agora, o Congresso não havia reunido votos para anular esse privilégio do Executivo.