O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou neste sábado (25) ao Japão para uma visita de quatro dias que deverá ser dominada por amabilidades, sem avanços concretos sobre a questão do comércio.

O Air Force One pousou em solo japonês pouco antes das 17h00 (5h00 de Brasília) sob um céu radiante. O presidente e sua esposa Melania foram recebidos pelo ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Kono, e sua esposa Kaori.

Em seguida, Trump participou de uma reunião com empresários dos principais grupos japoneses, incluindo automobilísticos, na residência do embaixador dos Estados Unidos.

“O Japão teve vantagem considerável por muitos anos, mas era OK, e talvez seja por isso que vocês nos amam tanto”, disse o presidente americano. Mas (depois de um acordo bilateral) será “um pouco mais justo”, acrescentou.

Com esta segunda viagem ao Japão, Trump será o primeiro líder estrangeiro a encontrar o novo imperador Naruhito, que subiu ao trono de Crisântemo em 1 de maio, após a abdicação de seu pai Akihito.

Em Washington, como em Tóquio, vende-se a imagem de uma relação pessoal sem precedentes entre Trump e o primeiro-ministro Shinzo Abe. Os dois homens participarão de uma partida de golfe, sua paixão comum.

O destaque desta visita de Estado será a reunião na segunda-feira entre o presidente americano e o imperador, bem como o banquete oferecido à noite no palácio imperial. Os outros líderes estrangeiros terão que esperar as festividades organizadas em outubro para essa honra.

Mas este momento histórico provavelmente deverá superar por pouco o espetáculo de Donald Trump participando de um torneio de sumô no domingo na arena Ryokoku Kokugikan.

– Programa “sob medida” –

Será um encontro incomum entre o presidente americano, pouco cuidadoso com os códigos de conduta, e a antiga luta japonesa sagrada, cheia de tradições milenares.

Ele entregará ao vencedor um “Troféu Trump”, de 1,4 metro de altura. Este será o japonês Asanoyama, que permanecerá, independente do resultado da disputa de domingo, detentor do maior número de vitórias.

Quanto ao famoso jogo de golfe, está programado para antes do sumô.

A sequência diplomática oficial da viagem é limitada a uma breve reunião bilateral com um almoço de trabalho na segunda-feira, após o qual os dois líderes falarão à imprensa.

Trump e Abe também planejam encontrar as famílias dos japoneses sequestrados nos anos 1970 e 1980 pela Coreia do Norte com o objetivo de transformá-los em treinadores de espiões norte-coreanos.

Shinzo Abe, para quem este tema é de grande importância na política interna, pediu a Donald Trump para levantar esta questão em suas conversas com o líder norte-coreano Kim Jong Un.

Finalmente, visitarão na terça-feira a base naval comum de Yokosuka.

Em plena tensão com a China e o Irã, a viagem foi planejada sob medida para mostrar que Donald Trump “conhece a política externa e tem muitos amigos”, resume Robert Guttman, da Universidade Johns Hopkins.

– E o comércio? –

Mas as tensões poderiam, no entanto, emergir sobre o assunto real que atualmente impulsiona as relações bilaterais: o comércio.

Se Donald Trump adiou por seis meses a imposição de tarifas adicionais sobre as importações de carros japoneses e europeus, também disse que a dependência dos Estados Unidos da indústria automobilística estrangeira representava uma ameaça à segurança nacional – o que não deixou de irritar gigantes como a Toyota.

Desde que chegou ao poder, Donald Trump agita a diplomacia global com políticas econômicas agressivas, mesmo contra aliados, para proteger a indústria americana.

Adotando uma postura oposta da China ou da União Europeia, mais ofensiva, Tóquio tem se mostrado conciliatório, na esperança de obter um acordo mais favorável.

Negociações são esperadas neste sábado à noite entre o ministro da Economia japonês, Toshimitsu Motegi, e o representante americano do Comércio, Robert Lighthizer. Mas um acordo é improvável, segundo autoridades citadas na imprensa.