O presidente americano, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (12) um decreto que permite estabelecer sanções aos estrangeiros que interferirem nas eleições americanas, dois anos depois da suposta interferência russa na sua campanha eleitoral.

“Vimos indícios de que não somente a Rússia, como a China também, e que há capacidades potenciais também no Irã e até mesmo na Coreia do Norte” de interferir na eleição legislativa de 6 de novembro, disse o chefe dos serviços de Inteligência, Dan Coats.

A ordem estabelece um processo formal para impor sanções financeiras e bloqueios tanto àqueles que tentarem interferir nos sistemas de votação, como contra os que difundirem desinformação em redes sociais e na Internet, dois fenômenos que atualmente são investigados nos Estados Unidos.

“Estamos olhando para frente, usando como base o que aconteceu em 2016 como uma advertência (…) para que isso não volte a acontecer”, prometeu Coats, assegurando que haverá vigilância 24 horas.

Coats e funcionários de alto escalão de Inteligência afirmam desde o começo de 2017 que o presidente russo, Vladimir Putin, dirigiu um esforço coordenado através de hackers e manipulação das redes sociais para apoiar a campanha de Trump.

O texto assinado pelo presidente americano se dirige a qualquer país, pessoa ou entidade estrangeira que tenha estimulado ou organizado uma tentativa de influenciar o curso das eleições nos Estados Unidos.

O governo de Barack Obama lançou uma série de sanções contra Moscou e expulsou uma grande quantidade de supostos espiões como medidas de represália por suposta espionagem.

Mas desde que chegou à presidência, Trump desmentiu reiteradamente a ideia de que foi ajudado por Moscou, e minimizou essas afirmações, chamando-as de “fake news”.

O procurador especial Robert Mueller, nomeado no ano passado, avalia uma possível ingerência da Rússia na campanha presidencial americana de 2016.

– ‘Atuou de forma resolutiva’ –

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse nesta quarta-feira que agora Trump “atuou de forma resolutiva” neste tema.

“Nós sentimos que era importante que o presidente assumisse o comando neste assunto. É algo com que ele se importa profundamente”, disse Bolton à imprensa, ressaltando que o decreto não se dirige especificamente a nenhum país.

Os senadores Marco Rubio e Chris Van Hollen, que defendem uma legislação para combater a interferência estrangeira nas eleições, disseram nesta quarta que a ação de Trump foi muito restrita.

A ordem executiva “reconhece a ameaça, mas não vai longe o suficiente para combatê-la. Os Estados Unidos precisam fazer mais”, disseram no comunicado.

O Comitê Nacional do Partido Democrata (DNC) disse que ainda há muito o que fazer.

“A ordem executiva de Trump não faz nada para que a Rússia seja responsabilizada por sua interferência na eleição de 2016”, afirmou o organismo.

“Se Trump leva a sério a proteção das eleições, tem que fazer mais para enfrentar a Rússia e dar aos estados os recursos que eles precisam para se defenderem contra futuros ataques de adversários estrangeiros”, acrescentou.