O presidente Donald Trump firmou nesta sexta-feira (25) um acordo com a oposição democrata para reabrir temporariamente o governo federal, paralisado há um recorde de cinco semanas devido à disputa sobre o financiamento do muro na fronteira entre Estados Unidos e México.

Trump assinou a lei que prevê o financiamento de parte das agências federais até 15 de fevereiro, informou o Executivo.

“Alcançamos um acordo para encerrar o ‘shutdown’ e reabrir o governo federal (…) por três semanas, até 15 de fevereiro”, havia declarado o presidente.

O projeto foi aprovado por unanimidade no Senado e na Câmara antes de seguir para a assinatura do presidente.

Legisladores e a Casa Branca estavam sob intensa pressão para resolver o impasse, enquanto centenas de milhares de trabalhadores federais entravam em um segundo mês sem pagamentos, e o impasse político começou a atrapalhar alguns dos aeroportos mais movimentados do país.

Trump exige que a lei de orçamento dedique US$ 5,7 bilhões para a construção de um muro – uma promessa de campanha dele para sua base de direita -, mas os democratas não cederam nesta questão.

Ele afirmou que um “comitê de conferência bipartidário” de legisladores do Senado, de maioria republicana, e do Câmara, controlada pelos democratas, começariam a trabalhar na questão da segurança das fronteiras, com o muro no topo de suas prioridades.

“Ao longo dos próximos 21 dias, espero que democratas e republicanos operam de boa-fé”, disse Trump, antes de ameaçar um novo “shutdown” caso o Congresso se recuse a aprovar seu financiamento.

“Nós realmente não temos escolha se não construir uma barreira poderosa de aço ou um muro”, afirmou.

“Se não conseguirmos um acordo justo com o Congresso, ou o governo para de novo em 15 de fevereiro, ou vou continuar a usar os poderes atribuídos a mim pelas leis e pela Constituição dos Estados Unidos para resolver esta emergência”, disse Trump da Casa Branca.

O chefe da oposição democrata no Senado, Chuck Schumer, declarou vitória na negociação com o presidente.

“Esperamos que agora o presidente tenha aprendido a lição”, disse Schumer. “Fechar o governo por uma divergência política (…) não causa nada além que dor e sofrimento”, declarou.

“Assim que o presidente firmar a resolução (para acabar com o impasse sobre o orçamento) vamos nos esforçar para chegar a um acordo sobre a segurança na fronteira”, disse Schumer, acrescentando que “os democratas são firmemente contra o muro”.

O presidente dos EUA ameaça há semanas usar sua autoridade para declarar estado de emergência na fronteira, o que permitiria financiar o controverso projeto sem necessidade de aprovação do Congresso.

Cerca de 800 mil funcionários que recebem seu pagamento a cada duas semanas completaram mais um ciclo sem salário nesta sexta-feira, uma situação que abalou diversas famílias americanas.

Embora o governo de Trump seja acusado de ignorar os impactos deste “shutdown”, o mandatário homenageou os afetados em seu pronunciamento nesta sexta.

“Quero agradecer a todos os incríveis funcionários federais e suas famílias maravilhosas que mostraram uma devoção tão extraordinária diante das dificuldades recentes”, disse.

“Em muitos casos, vocês me encorajaram a seguir em frente, porque vocês se preocupam tanto com nosso país e nossa segurança na fronteira”, afirmou.

Segundo a agência de avaliação de risco Standard and Poor’s, “a economia americana teve um prejuízo de ao menos 6 bilhões de dólares” com a paralisação.