A equipe de 210 funcionários da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia está sem acesso ao laboratório que monitora os níveis de radiação na usina nuclear de Chernobyl, a 120 km da capital Kiev. O complexo é ocupado pelas tropas russas, que impedem o acesso às informações.

A denúncia foi feita por um dos cientistas ucranianos, que pediu anonimato por questões de segurança, à revista inglesa New Scientist.

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Chernobyl, que sediou uma das maiores tragédias da história em 1986 com o vazamento de radiação por até 100 mil km devido à explosão de um dos reatores, foi um dos primeiros locais a serem ocupados pelo exército da Rússia. Isso ocorreu devido à proximidade com a fronteira de Belarus, que permitiu a passagem das tropas para invadir a Ucrânia.

O cientista ainda afirma que sua equipe escapou da zona de exclusão e que segue tentando monitorar os níveis de radiação em Chernobyl, mas de maneira indireta, em contato com as pessoas que permaneceram na usina.

A situação chamou atenção do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, que diz que a liberação desses funcionários é essencial para realizarem o trabalho com segurança.

A usina de Chernobyl estava sem energia nos últimos dias, o que poderia comprometer o resfriamento dos geradores. No entanto, somente o Kremlim teria a informação de um possível vazamento de radiação, o que não foi constatado até o momento.

A possibilidade de vazamento de radiação preocupa toda a Europa – na última sexta-feira (4), os russos tomaram a usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, cujo prédio foi incendiado durante o combate. Contudo, não houve vazamento de radiação. A Ucrânia possui 15 reatores nucleares em todo seu território.