“Sou demissível ad nutum. Eu sei o dia que eu entro, não sei o dia que eu saio. Todo dia é mais um dia”, afirmou Carlos Henrique Custódio à DINHEIRO na sexta-feira 23, em passagem por São Paulo. Cinco dias depois, ele foi demitido da presidência dos Correios. A notícia foi transmitida pelo ministro das Comunicações, José Artur Filardis, a pedido da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na quarta-feira 28. 

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Sucessão: Matos (à esq.) substitui Carlos Henrique Custódio apos quatro anos de gestão 

 

Foi o desfecho de uma novela que já se estendia por várias semanas. Erenice e Bernardo haviam sido encarregados pelo presidente Lula de chefiar um grupo de trabalho para analisar os problemas nos Correios. O resultado foi a substituição de Custódio por David José de Matos, secretário-geral da Novacap, a empresa urbanizadora de Brasília.

 

Custódio, no cargo desde 2006, fez carreira na Caixa e não tem filiação partidária. Atrasos na entrega de encomendas, problemas judiciais com a licitação das agências franqueadas e demora na realização de concurso para repor os funcionários que deixaram a empresa mancharam sua reputação. 

 

Ele saiu junto com o diretor de Gestão de Pessoas, Pedro Magalhães. O diretor de Operações, Marco Antônio Oliveira, já havia perdido o cargo em junho. Em seus últimos dias no cargo, Custódio fez um périplo pelas redações de jornais e revistas de grande circulação. 

 

Queria defender projetos, como a criação de uma companhia aérea própria, e salvar o pescoço divulgando os bons resultados financeiros que obteve nos quatro anos de gestão. Na quarta-feira 28, participou da solenidade de comemoração dos 150 anos dos Ministérios dos Transportes e da Agricultura, com a presença do presidente Lula. Duas horas depois, seu telefone tocou.

 

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O novo presidente assumiu com a missão de pacificar o ambiente interno, desgastado com a percepção de que a diretoria não se importava com a perda de competitividade da empresa. 

 

Matos foi escolhido por Erenice Guerra, com quem trabalhou na Eletronorte. Ele é engenheiro eletricista e pós-graduado em administração. Ligado ao deputado federal Tadeu Filippelli, do PMDB, candidato a vice-governador ao Distrito Federal na chapa de Agnello Queiroz, do PT, Matos ocupou vários cargos no Distrito Federal. 

 

O novo diretor de gestão de pessoas é Nelson Oliveira de Freitas, do Ministério do Planejamento, indicado por Paulo Bernardo.  Com as mudanças, o governo pretende esvaziar o impacto das críticas aos Correios – pivô do escândalo do mensalão, em 2005 – e evitar danos aos seus candidatos e aliados no pleito de outubro.