A nova onda de coronavírus que atinge Hong Kong há algumas semanas pode ser devido à decisão das autoridades de permitir que as tripulações da marinha mercante mudem de barco na cidade sem respeitar a quarentena, disse um especialista em saúde na sexta-feira.

O número de casos aumentou desde o início do mês na região semiautônoma do sul da China, que até agora havia conseguido controlar a epidemia e quebrar as cadeias de transmissão locais.

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A ex-colônia britânica anunciou 123 novas infecções em 24 horas na sexta-feira, elevando o número total de casos desde o início da pandemia para 2.372, e registrando um total de 16 mortes.

Mil infecções foram confirmadas nas últimas duas semanas, ou seja, 40% do total registrado desde a chegada da epidemia em janeiro.

Alguns especialistas atribuíram esse recente aumento nas infecções às isenções concedidas pelas autoridades locais a “profissionais essenciais”, como motoristas de rodovias que cruzam a fronteira, a tripulações e navios comerciais que não precisam ficar em quarentena por 14 dias.

O governo local apresentou essas exceções como necessárias para o bom funcionamento do território.

Após analisar as amostras obtidas dos últimos casos confirmados, o reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, Gabriel Leung, estimou que o ressurgimento do vírus provavelmente veio desse tipo de casos importados.

“Poderia vir de tripulações e marítimos isentos de quarentena”, disse. “Quando eles entram em Hong Kong, não estão sujeitos a quarentena ou testes. Imagina-se que eles vão para hotéis no centro”, explicou.

Hong Kong é um dos portos de contêineres mais movimentados do mundo.