Três mulheres-bomba realizaram atentados neste domingo em Maiduguri, capital do estado de Borno, no norte da Nigéria, matando 14 pessoas e ferindo 18, indicaram fontes da segurança.

“Neste momento, contabilizamos 14 pessoas mortas e 18 feridas no triplo atentado suicida de ontem à noite”, declarou Ahmed Satomi, da Agência de Gestão de Emergências para o Estado de Borno (SEMA).

“O bairro de Muna Garage (em Maiduguri, onde aconteceu o atentado) é vulnerável. Este ano foram registrados 13 ataques suicidas”, acrescentou.

“Acredito que temos que reforçar a segurança nessa zona”, advirtiu Satomi.

Muna Garage está localizado na periferia da capital de Borno. Sua rodoviária é um dos locais mais frequentados da cidade, enquanto o campo de refugiados, que reúne milhares de pessoas de todo o país que fugiram da violência endêmica, carece de proteção em seu perímetro.

No domingo, “uma primeira mulher detonou seu cinturão de explosivos às 21H45 (18H45 em Brasília) em frente a um pequeno restaurante”, indicou uma fonte militar, que preferiu se manter anônima.

A fonte acrescentou que as outras duas jihadistas camicases deixaram ao menos 18 pessoas feridas em outros dois ataques consecutivos, o que foi confirmado por um responsável das milícias armadas da cidade.

O cinturão de explosivos de uma delas não funcionou bem e não causou vítimas.

Os socorristas nigerianos preferiram não fazer declarações oficiais, dado que já estava tarde, mas indicaram que se pronunciariam na segunda-feira de manhã.

No domingo, os cidadãos de Maiduguri tinham sido alertados sobre a presença de “um grande número de membros do grupo Boko Haram circulando nos arredores” da cidade, indicou uma fonte militar.

Maiduguri, a cidade onde foi fundado o grupo extremista nigeriano, havia voltado a uma calma relativa, apesar de atentados esporádicos.

No entanto, a cidade de Konduga, a 20 quilômetros da capital, é palco de violência recorrente há meses.

O estado de Borno, epicentro de confrontos entre o exército e o Boko Haram, continua sendo em grande medida inacessível, embora o grupo jihadista já não controle os amplos setores de território que ocupava até 2015.

Cerca de um milhão de pessoas encontraram refúgio na grande cidade do nordeste, e muitos vivem em campos de refugiados, onde a situação humanitária e de segurança é muito precária.

Na terça-feira, 10 pessoas serão julgadas por “distúrbios da ordem pública”, após organizarem um protesto em setembro para denunciar as condições de vida nos campos.

A insurreição do Boko Haram, particularmente violenta desde 2009, devastou o norte da Nigéria, causando pelo menos 20.000 mortos e 2,6 milhões de deslocados.