O trigo tem se tornado um tema frequente em diferentes setores da economia brasileira e mundial. Como alimento, vem crescendo a preocupação com o aumento de preço desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, pois os dois países juntos respondem por 210 milhões de toneladas do cereal por ano, quase 30% da produção global. No papel de commodity agrícola, chama a atenção o avanço do cultivo no Cerrado, que pode ajudar o Brasil a reduzir ou até eliminar a dependência do grão importado daqui a dez anos. Agora também virou destaque no setor de biocombustíveis.

O governo do Rio Grande do Sul e a BSBIOS, empresa do ECB Group e uma das principais fabricantes de biodiesel do Brasil, assinaram um protocolo de intenções para a construção da primeira usina de etanol de trigo do País. A unidade, que também poderá utilizar outros cereais, será implantada na cidade de Passo Fundo, um polo de produção agrícola do estado, e ainda produzirá farelo para a alimentação animal. O objetivo principal é abastecer o mercado local, que consome 1 bilhão de litros de etanol por ano, segundo o governo gaúcho, e depende do etanol de outros estados, pois produz menos de 1% do que precisa.

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O empreendimento receberá investimento de R$ 316 milhões e o início das operações será dividido em duas fases. A primeira começará no segundo semestre de 2024, com processamento diário de 750 toneladas de cereais e produção anual de 111 milhões de litros. Já com a segunda etapa, que vai iniciar em 2027, a usina passará a processar 1,5 mil toneladas por dia e dobrará a produção de etanol, chegando a 222 milhões de litros por ano. De acordo com o ECB Group, o novo negócio deve representar um incremento de R$ 1,3 bilhão a seu faturamento.

Outra empresa envolvida nesse projeto é a Biotrigo Genética, responsável por fornecer as cultivares do cereal exclusivas para a produção de etanol. As sementes licenciadas para a BSBIOS, que apresentam níveis elevados de amido e alta produtividade, são resultado de pesquisas desenvolvidas pela Biotrigo desde 2015. Essa iniciativa abre mais possibilidades para a cadeia produtiva do trigo, amplia o mercado de biocombustíveis e joga mais luz sobre a relevância do agronegócio enquanto fonte de soluções para alguns dos principais desafios do País.