Um tribunal francês estimou nesta quinta-feira (25) que o laboratório alemão Merck cometeu um “erro” ao não informar sobre a mudança na fórmula de um medicamento popular para a tireoide e ordenou que pague uma indenização a mais de 3.000 demandantes.

O tribunal de apelação de Lyon, onde a empresa alemã está sediada na França, considerou que o “Merck cometeu um erro” e que as partes civis “sofreram um prejuízo moral”, afirmou à imprensa o advogado dos demandantes, Christophe Leguevaques.

Os juízes ordenaram que o Merck pague 1.000 euros (US$ 1.121) a cada um dos 3.329 demandantes, dez vezes menos do que pediram.

O diretor jurídico do Merck, Florent Bensadoun, anunciou que a empresa recorrerá da decisão, que considerou como “incompreensível”, perante o tribunal de cassação.

Os demandantes perderam em primeira instância, depois que um juiz descartou qualquer erro do Merck no lançamento em 2017 de seu novo medicamento Levothyrox que, segundo vários consumidores, provocava diversos efeitos colaterais.

“O importante para os demandantes é que sua situação, sua dor, sua desgraça, sejam reconhecidos pela justiça”, disse Leguevaques.

Cerca de 31.000 pacientes afirmaram sofrer de dores de cabeça, insônia e vertigem, supostamente causados pela nova fórmula do Levothyrox, que foi modificado para dar mais estabilidade ao produto.

Em junho de 2019, a agência francesa de controle de medicamentos ANSM divulgou os resultados de um estudo realizado com cerca de dois milhões de pacientes, no qual foi determinado que a fórmula não causava “sérios problemas de saúde”.

Merck afirmou que cerca de 2,5 milhões de pessoas usam a nova fórmula do medicamento.

A França é o principal consumidor mundial de Levothyrox, com quase três millones de usuários, e foi o primeiro país a introduzir a nova versão da fórmula em 2017.

Desde então, a nova fórmula foi lançada em uma dúzia de outros países da União Europeia sem problemas, segundo o Merck.