Três novos países votam neste sábado (25) para eleger os deputados do Parlamento Europeu, onde as pesquisas anunciam um novo crescimento dos partidos populistas e de extrema direita.

A magnitude desse aumento, seu impacto no equilíbrio de poder dentro do hemiciclo europeu e suas consequências na disputa por posições-chave no topo da União são questões políticas importantes.

Os resultados dos partidos de extrema direita Rassemblemnt National da francesa Marine Le Pen, da Liga de Matteo Salvini na Itália e do Partido do Brexit de Nigel Farage no Reino Unido despertam expectativa.

Assim como a taxa de abstenção entre os 427 milhões de eleitores, o interesse nesta votação vem caindo constantemente nas últimas décadas, mesmo com o aumento das prerrogativas dos eurodeputados.

Depois dos britânicos e holandeses na quinta-feira, seguidos pelos tchecos (que votam em dois dias) e irlandeses na sexta-feira, é a vez dos letões, malteses e eslovacos votarem neste sábado.

Nos outros 21 países da UE, incluindo França, Alemanha e Itália, a votação ocorrerá no domingo (26). Os resultados oficiais só serão publicados a partir do final da tarde para os 28 países da União.

No Reino Unido, onde estas eleições foram organizadas após o adiamento do Brexit, a votação foi eclipsada pelo anúncio da renúncia da primeira-ministra Theresa May.

May lamentou não ter conseguido implementar o Brexit, um divórcio que preocupa na Irlanda, onde o partido pró-europeu do primeiro-ministro Leo Varadkar liderava a pesquisa realizada na sexta-feira.

– Surpresa holandesa –

Na Holanda, a votação trouxe uma primeira surpresa: as estimativas colocam o Partido Trabalhista (PvdA) de Frans Timmermans, candidato à sucessão de Jean-Claude Juncker à frente da Comissão Europeia, liderando, à frente dos Liberais (VVD) e dos populistas (FvD).

Na República Tcheca, no entanto, o movimento populista ANO do primeiro-ministro, o bilionário Andrej Babis, é o favorito. Quanto à Eslováquia, provavelmente enviará pelo menos um parlamentar de extrema direita ao Parlamento, segundo analistas.

De um modo geral, todas as forças eurocéticas, populistas e nacionalistas devem, segundo as pesquisas, registar uma clara progressão no Parlamento Europeu, onde 751 eurodeputados desempenham um papel fundamental na elaboração das leis europeias durante cinco anos.

A Liga do ministro do Interior italiano Matteo Salvini, impulsionada por seu discurso anti-imigrante e hostil às instituições de Bruxelas, poderia conquistar muitos assentos.

Quanto ao RN de sua aliada Marine Le Pen, lidera as intenções de voto na França, à frente da lista apoiada pelo presidente Emmanuel Macron, que, no entanto, ambiciona desempenhar um papel central dentro do novo Parlamento Europeu.

O atual grupo que reúne a Liga e o RN, o ENL, que atualmente conta com 36 eleitos, deve sair mais fortes dessas eleições, com mais de sessenta eleitos.

– Recomposição de alianças –

Mas, mesmo contando os assentos do grupo ECR, que reúne os Tories britânicos e os poloneses do PiS no poder em Varsóvia, as forças eurocéticas e anti-europeias estão longe de serem capazes de alinhar uma maioria no Parlamento Europeu.

Ainda mais porque as possibilidades de aliança se chocam com as profundas divergências entre os movimentos.

De acordo com as pesquisas, as eleições deverão marcar o fim do bipartidarismo entre os democratas-cristãos do PPE e os social-democratas (SeD), que dominavam o Parlamento Europeu desde 1979.

Enquanto isso, os liberais (ALDE) esperam se tornar a terceira força do Parlamento, graças a uma aliança com os futuros macronistas eleitos.

As recomposições de alianças no Parlamento Europeu, onde os Verdes também esperam avançar, serão cruciais na disputa por altos cargos nas instituições europeias.

“Ninguém pode se tornar presidente da Comissão sem o apoio de pelo menos 376 dos 751 eurodeputados”, recordou o porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch.

Quanto a Jean-Claude Juncker, ele lamentou em entrevista neste sábado que “os extremistas de direita, os populistas de todas as esferas são seguidos em seu raciocínio errado por partidos políticos tradicionais”, acrescentando que “não quer viver em um mundo caracterizado pela rejeição do outro”.