Três funcionárias de uma emissora de televisão foram mortas a tiros nesta terça-feira (2) em Jalalabad, leste do Afeganistão, menos de três meses após o assassinato de uma das apresentadoras do mesmo veículo de comunicação, anunciaram seus colegas de trabalho.

“Esta tarde, um grupo de homens armados atirou e matou três de nossas colegas, três jovens com entre 17 e 20 anos, na cidade de Jalalabad”, disse à AFP Zalmai Latifi, diretor da Enikaas TV, explicando que as jovens foram baleados quando deixavam a pé o trabalho.

Latifi especificou que as mulheres foram mortas em dois ataques diferentes. As três trabalhavam no serviço de dublagem da rede.

Zahir Adel, porta-voz do Hospital Provincial de Nangarhar, confirmou o número de vítimas.

O chefe da polícia de Nangarhar, Juma Gul Hemat, informou que um suspeito armado foi capturado pouco depois do ataque.

“Conseguimos detê-lo quando tentava escapar”, disse Hemat. “Ele admitiu que realizou o ataque. É membro dos talibãs”, acrescentou.

No entanto, um porta-voz dos rebeldes negou que estivessem envolvidos.

A violência no Afeganistão aumentou nos últimos meses, apesar das negociações de paz iniciadas em setembro entre o Talibã e o governo afegão.

Jornalistas, ativistas, juízes e outros membros proeminentes da sociedade civil foram alvos de uma onda de assassinatos em todo o Afeganistão, forçando muitos deles a se esconderem ou fugirem do país.

Apesar das reiteradas denúncias do governo central, os talibãs insistem que não são responsáveis pelo clima de violência, ao qual contribuem também os sangrentos atentados dos grupos jihadistas.

O enviado americano para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, se reuniu na segunda-feira em Cabul com o presidente afegão, Ashraf Ghani, para tentar redirecionar o processo de paz, ameaçado pela violência e pelas dúvidas sobre a retirada das tropas estrangeiras.

Essa é a primeira visita de Khalilzad ao Afeganistão desde que foi confirmado em suas funções no final de janeiro pelo novo presidente Joe Biden.

Nomeado pelo ex-presidente Donald Trump, este diplomata veterano foi o arquiteto do acordo assinado por Washington com os talibãs em fevereiro de 2020 em Doha, que prevê a retirada completa das tropas estrangeiras do Afeganistão até maio de 2021.

Este acordo também permitiu a abertura em setembro em Doha de negociações de paz entre os insurgentes e o governo afegão.