Duas pessoas com perda severa de visão devido a uma doença ocular degenerativa se tornaram capazes de ler após um tratamento com células-tronco embrionárias, disseram pesquisadores nesta segunda-feira.

Os pacientes sofrem de degeneração macular relacionada à idade “úmida”, que pode borrar a visão ou causar um ponto cego quando vasos sanguíneos anormais vazam fluidos para o olho, causando danos a uma camada de células chamada epitélio pigmentar da retina (EPR).

Este dano à retina mata as células sensíveis à luz.

Para o estudo, uma equipe de pesquisadores britânicos e americanos usou células-tronco embrionárias humanas (hESC) para cultivar células de EPR em um suporte de plástico fino.

Eles então transplantaram esse “tecido” para os olhos de dois voluntários.

Antes da cirurgia, nenhum dos dois conseguia ler mais, relatou a equipe na revista científica Nature Biotechnology.

Mas um ano após o procedimento, ambos puderam ler “com óculos de leitura normais, embora lentamente”, de acordo com um resumo da Nature.

Mais pesquisas devem ser feitas antes de que o procedimento possa ser aprovado como tratamento, disse a equipe.

Extraordinariamente versáteis, as células-tronco embrionárias podem se transformar em qualquer tecido do corpo – uma habilidade que criou esperanças de usá-las para substituir membros ou órgãos perdidos por doença, acidente ou guerra.

Mas as células-tronco doadas podem provocar uma resposta imune, ser rejeitadas pelo organismo ou até causar câncer.

O especialista em células-tronco Dusko Ilic, do King’s College London, descreveu as conclusões do estudo como “encorajadoras”, e disse que elas reduziram as preocupações de segurança em torno às terapias baseadas em células-tronco.

“Elas representam mais um passo em direção à concretização de nossas esperanças de implementação clínica do tratamento baseado em hESC da degeneração macular relacionada à idade em um futuro não tão distante”, disse.

Quatro anos atrás, pesquisadores usaram células-tronco embrionárias para restaurar a visão em pacientes com uma forma mais comum e menos grave de degeneração macular – a “seca”.

Outras equipes estão testando as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas – células humanas adultas que foram reprogramadas para um estado jovem e versátil.

Estas podem ser derivadas do paciente, tornando-as menos propensas a serem rejeitadas, ao mesmo tempo em que evitam as implicações éticas de usar células de embriões.