O sonho do presidente Lula de assistir à Copa de 2006 numa televisão digital feita com tecnologia 100% nacional está perto de se transformar em pesadelo. Disputas internas, divisões entre os grupos de pesquisa e falta de verba podem fazer virar pó os R$ 60 milhões destinado pelo governo para a iniciativa. São 70 grupos de várias universidades e o CPqD, uma instituição de pesquisas em telecomunicações privatizada após a venda do Sistema Telebrás, que deveriam dar as respostas ao presidente. Até agora nada de concreto aconteceu. As dúvidas começam dentro do próprio governo. Os mais pragmáticos dentro do governo acham equivocada a idéia da tv digital brasileira quando existem outros três padrões no mercado: o europeu, o japonês e americano. A turma mais nacionalista pensa o contrário. Aposta na capacidade interna e nos recursos liberados como suficientes para montar essa tecnologia. Dentro dos grupos de pesquisa a situação não é diferente. Uma corrente liderada pela Universidade de São Paulo defende o padrão nacional. Outros cientistas são mais céticos porque fizeram as contas e descobriram que a tv digital brasileira precisaria de R$ 1 bilhão para sair do papel. ?Está todo mundo perdido. Ninguém sabe o que vai acontecer?, diz um dos pesquisadores. O secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa, reacendeu a polêmica ao se posicionar ao lado dos críticos da atual situação. ?Padrão próprio é como reinventar a roda?, afirmou. Já o ex-ministro das Comunicações, Miro Teixeira, era o maior entusiasta do modelo brasileiro, afirmando que era preciso inovar e unir a comunidade acadêmica.

O padrão próprio também implica mudar o perfil da indústria nacional. A Sony se preocupa com o custo de adequar sua linha de produção. ?Precisamos saber se as partes principais estariam disponíveis para a produção no Brasil?, diz Minoru Itaya, presidente da Sony.

US$ 10 milhões milhões é o investimento do governo no projeto