Durante quatro anos, o nome Transmeta escondia um dos mais bem guardados segredos do mundo da tecnologia. Desvendado há poucos meses, agora é responsável por um tremendo alarde, que já se ouve longe do Vale do Silício. De um dia para o outro, Transmeta virou sinônimo da próxima geração de processadores para computador. No fim de junho, quatro grandes fabricantes mundiais de computadores ? Fujitsu, Hitachi, IBM e NEC ? apresentaram novos notebooks, conhecidos como ?ultraleves?. Todos utilizarão tecnologia Transmeta. A novidade causou rebuliço na PC Expo, feira que aponta tendências do setor. Assumidamente avessa a eventos, críticos e jornalistas, a empresa de tecnologia fez sua primeira festa. Mas a confiança dos executivos é anterior. Em maio, a Gateway informou que lançaria uma linha de equipamentos de navegação na Internet, numa parceria com a AOL e Transmeta. O produto chega ao mercado este ano.

E não só porque a empresa de tecnologia reúne gente graúda como Paul Allen, parceiro de Bill Gates na Microsoft, o megainvestidor George Soros ? os dois lideraram investimentos de US$ 100 milhões ? e o finlandês Linus Torvalds, um dos maiores programadores do mundo. O segredo da Transmeta chama-se Crusoe, uma família de chips menores, mais baratos e mais versáteis que os atuais. Através de um software especial, traduz as instruções de qualquer sistema operacional, Windows ou Linux (criado por Torvalds). Além disso, consome 50% menos energia que chips comuns, funcionando 24 horas com uma bateria. Para demonstrar suas virtudes, a Transmeta criou o WebPad, uma prancheta eletrônica, mais leve que o PalmTop, que proporciona uma navegação completa na rede.

Por enquanto, a Transmeta construiu 30 protótipos. O aparelho é simpático, mas o que chamou a atenção foi seu cérebro, que muitos dizem ser capaz de derrubar uma fortaleza chamada Intel. Por 20 anos, a Intel estabeleceu-se como sinônimo de chip. Em 99, vendeu US$ 30 bilhões nesse setor, mas a hegemonia pode estar ameaçada. O Crusoe abocanha um mercado que a Intel sempre ignorou ? o móvel e dos computadores portáteis. ?A Intel até poderia fazer o mesmo. Mas se preocupa mais em aprimorar seus produtos?, explica Torvalds.