Não bastasse a destruição causada pela quebra de barragens da mineradora Vale na cidade de Brumadinho em Minas Gerais, a tragédia segue para se tornar o pior acidente de trabalho da história do País, segundo o procurador-geral do Trabalho Ronaldo Curado Fleury. Das 58 mortes confirmadas até o início desta segunda-feira (28), 8 eram funcionários da Vale ou prestavam serviços terceirizados pela empresa.

O maior acidente ocorrido no Brasil aconteceu em Belo Horizonte, quando desabou o parque de exposições da Gamaleira, matando 65 operários que trabalhavam na obra. O segundo pior caso de fatalidades no ambiente de trabalho aconteceu em Paulínia, interior de São Paulo, quando a contaminação do solo causada pela Shell Basf – que produzia agrotóxicos hoje proibidos pela legislação brasileira – matou 63 trabalhadores.

O crime ambiental de Mariana também figura na lista. A quebra da barragem da Vale ocorrida em 2015 levou ao óbito 16 funcionários da empresa. Sobre este caso, o Ministério Público entrou com ação civil pública, pedindo R$ 1 bilhão de danos morais coletivos. Tramitando na vara do trabalho de Ouro Preto, a audiência marcada para 27 de fevereiro foi adiada para julho.

Em fala para o jornal O Globo, Fleury diz que após o desastre de Mariana, a Vale deveria ter instalado sistemas de controle sísmico em suas barragens, o que não ocorreu. “As sirenes sequer tocaram” disse o procurador-geral.

Sobre as indenizações, as vítimas que eram funcionárias da Vale deverão receber um valor menos do que as famílias vítimas da comunidade. Isso porque a reforma trabalhista determinou que indenizações da área trabalhista estão limitadas a 50 vezes o salário dos funcionários, o que cria valores diferentes para as vítimas de uma mesma tragédia. Vítimas outras não tem limite de indenização.