Pessoas com empregos que promovem maior estímulo mental têm um risco menor de desenvolver demência na velhice, segundo um estudo publicado nesta quinta (19) no periódico científico The British Medical Journal.

Como mostra o site americano de notícias médicas Medical Xpress, uma possível explicação é que a estimulação mental está ligada a níveis mais baixos de certas proteínas que levam à redução no número de novas conexões cerebrais (processos chamados de axonogênese e sinaptogênese).

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A equipe internacional de pesquisadores avaliou estudos feitos no Reino Unido, Europa e Estados Unidos e que traziam ligações entre fatores relacionados ao trabalho e doenças crônicas, deficiências e mortalidade.

Os cientistas se aprofundaram em três associações: estimulação cognitiva e risco de demência em 107.896 participantes (42% homens; idade média de 45 anos) de sete estudos do consórcio europeu IPD-Work, um projeto de pesquisa colaborativa de 13 estudos; estimulação cognitiva e proteínas em uma amostra aleatória de 2.261 voluntários de um estudo; e proteínas e risco de demência em 13.656 participantes de dois estudos.

A estimulação cognitiva relacionada ao trabalho foi medida no início da pesquisa e os participantes foram monitorados por uma média de 17 anos.

Segundo o Medical Xpress, os trabalhos “ativos” que estimulam cognitivamente incluem tarefas exigentes e de alta demanda decisória, enquanto os “passivos”, ou não estimulantes, são aqueles com baixa demanda e falta de controle do trabalho.

Depois de ajustar fatores que poderiam influenciar os resultados, como idade, sexo, nível de escolaridade e estilo de vida, o risco de demência foi menor nos participantes que executavam tarefas com elevado estímulo cognitivo em comparação com os do trabalho passivo. O estudo descobriu que 4,8 em cada 10.000 pessoas desenvolviam a doença anualmente no grupo de alta estimulação e 7,3 adquiriam demência no grupo de baixa estimulação.

Essa descoberta permaneceu mesmo após ajustes adicionais para uma gama de fatores de risco de demência, incluindo doenças cardiometabólicas (diabetes, doença arterial coronariana e derrame).

De acordo com o site especializado, os benefícios do trabalho estimulante não mudaram entre homens e mulheres ou entre pessoas com menos de 60 anos, mas há uma indicação de que eles são mais fortes para o Mal de Alzheimer do que para outras demências.

As tarefas que promovem estimulação cognitiva também foram associadas a níveis mais baixos de três proteínas ligadas à redução das sinapses (conexões cerebrais) na idade adulta, fornecendo pistas para possíveis mecanismos biológicos subjacentes.

É importante dizer que o estudo recém-publicado é observacional, portanto não é possível estabelecer relação de causa entre o trabalho que estimula o cérebro e a prevenção ou adiamento da demência.