Trabalhadores das seis distribuidoras de energia que hoje são operadas pela Eletrobras, em Estados do Norte e do Nordeste, realizam uma paralisação em protesto à realização da Assembleia Geral de Acionistas (AGE) da holding, informou a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU). A reunião, prevista para esta tarde, em Brasília, tem como pauta decidir se realiza a venda das distribuidoras ou realização a liquidação dessas empresas.

Em nota, a Eletrobras afirmou que os serviços essenciais à população continuam sendo prestados normalmente nas distribuidoras.

“Qualquer uma das decisões – privatizar ou liquidar as seis distribuidoras – será desastrosa para a população desses respectivos Estados e para o País”, diz a entidade, em nota publicada em seu site.

Essas distribuidoras – Eletroacre, Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista Energia, Amazonas Distribuidora de Energia, Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e Companhia Energética de Alagoas (Ceal) – são fortemente deficitárias e acumulam dívidas e passivos significativos. Em 2016, os acionistas da Eletrobras já decidiram que a holding deixaria de atuar no segmento de distribuição, ao votar pela não renovação das concessões dessas empresas. Paralelamente, votaram pela venda das distribuidoras até o final de 2016, ou então realizar a sua liquidação. No entanto, a demora na definição da modelagem dessas vendas acabou levando os acionistas a darem mais prazo para avaliar o destino final das companhias.

Hoje, em AGE, detentores de ações da Eletrobras vão decidir se a holding assume dívidas de R$ 11,240 bilhões para viabilizar a venda de suas distribuidoras de energia, além de direitos e obrigações no valor de R$ 8,477 bilhões, ou liquida as empresas. A operação, sugerida como parte da modelagem de venda, permitiria uma maior atratividade por parte de potenciais investidores.

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo vai recomendar que assuma tanto as dívidas como os direitos e obrigações, contrariando a orientação de voto feita pela diretoria da empresa no início de janeiro, para quem a holding deveria ficar com R$ 11,240 bilhões em débitos dessas companhias e deixar com as empresas o imbróglio dos fundos setoriais, de R$ 8,477 bilhões.

A FNU afirmou na nota datada desta quinta-feira, 8, que ainda aguardava uma liminar da Justiça para suspender a AGE. “Diversas ações foram impetradas na Justiça solicitando a suspensão da Assembleia Geral, sob o argumento de que deliberação do tema na AGE ‘trata-se de proposta manifestamente ilegal, cuja aprovação pelo voto soberano da acionista controlador, a União, redundará em prejuízos bilionários à Companhia'”, afirmou.

Dentre as ações citadas pela entidade está a ação popular movida pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores no Piauí (CUT-PI), Paulo de Oliveira Bezerra, que pede a suspensão da AGE ou uma ordem judicial cautelar para que os conselheiros se abstenham de deliberar sobre qualquer assunto relativo às distribuidoras, especialmente à Companhia Energética do Piauí (Cepisa). (Colaborou Anne Warth)