Milhares de trabalhadores da Airbus na Espanha protestaram nesta quinta-feira (23) em vários locais para denunciar o corte de 1.600 empregos anunciado pela fabricante europeia de aviões.

“Daqui ninguém sai”, “zero demissões”, podia ser lido nas faixas exibidas pelos trabalhadores, que realizaram uma greve parcial e protestaram com máscara na cidade de Getafe, perto de Madri, entre a fábrica da Airbus e a prefeitura.

Outras manifestações similares ocorreram em Cádiz (sul) e Albacete (sudeste).

Alegando a crise provocada pela pandemia de coronavírus, a Airbus anunciou no final de junho o corte de 15.000 empregos em todo o mundo em seu setor de aviação comercial, 889 na Espanha.

Mas em fevereiro, antes da crise de saúde, o grupo já havia anunciado a supressão na Espanha de 722 empregos, em um prazo de dois anos, no seu setor de Defesa e Espaço, de um total de 2.600 empregos na Europa.

Na Espanha, o consórcio europeu possui cerca de 12.300 funcionários.

“Entendo que a situação é difícil, mas não esperava vivenciá-la em uma empresa como a Airbus”, disse à AFP Javier Payá, um engenheiro de 36 anos que trabalha há 11 para a fabricante de aviões.

Agustín Martín, secretário-geral da seção industrial no sindicato Comissões Trabalhistas (CCOO), pediu ao governo medidas para o setor aeroespacial.

Segundo disse à AFP, é incompreensível que “empregos e tecido produtivo de alto valor agregado sejam destruídos por um problema conjuntural”.

De acordo com a CCOO, a indústria aeronáutica possui mais de 100.000 postos de trabalho diretos e indiretos na Espanha, com um ecossistema de mais de 400 empresas espalhadas pelo centro do país, Andaluzia e País Basco.

Um processo de negociação entre a direção e os sindicatos está em andamento desde 2 de julho, em relação ao setor de aviação comercial.

O objetivo é “identificar soluções que nos ajudem a implementar essa adaptação, minimizando o impacto social da crise da COVID-19”, disse à AFP uma porta-voz da Airbus.