Por Andrew Mills

DOHA (Reuters) – Nos arredores de Doha, blocos de apartamentos baixos estão começando a ganhar forma para abrigar muitos dos torcedores de futebol que devem chegar à capital do Catar no ano que vem para a Copa do Mundo de 2022.

O Catar, que tem enfrentado críticas pelo tratamento dispensado aos trabalhadores imigrantes nos canteiros de obras, prevê que o torneio irá atrair 1,2 milhão de visitantes, o que corresponde a cerca de um terço de sua população.

Mas os organizadores disseram à Reuters que esperam poder oferecer até 130.000 quartos, incluindo hotéis, o que pode deixar milhares de torcedores lutando por acomodação quando os jogos começarem em novembro próximo.

E aqueles que desejam vistas da cidade podem ficar desapontados. O complexo em construção Madinatna, capaz de abrigar até 27.000 torcedores compartilhando apartamentos, é cercado por uma via expressa de 18 pistas e uma extensão de deserto a 25 km do centro de Doha.

Os organizadores anunciaram apenas detalhes parciais sobre como e onde planejam chegar a 130.000 quartos, dizendo que a quantidade total de quartos de hotel será anunciada “no devido tempo”.

“É realmente frustrante quando o país anfitrião faz promessas sobre acomodação disponível e acessível, e então nos aproximamos de um torneio e vemos uma escassez”, disse Ronan Evian, diretor executivo da Football Supporters Europe, uma rede de torcedores de futebol europeus.

O Catar terá menos de 50 mil quartos de hotel prontos até novembro próximo, de acordo com estimativas da Qatar Tourism, órgão governamental que define a estratégia e regula o turismo. E nem todos os quartos de hotel estarão disponíveis para os torcedores, já que muitos foram reservados para jogadores e dirigentes da Fifa, disseram fontes hoteleiras.

Dois navios de cruzeiro, um ainda em construção na França, e vilas e apartamentos compartilhados, incluindo os de Madinatna, forneceriam pelo menos outros 64 mil quartos, a maioria deles administrados pela Accor, a maior operadora de hotéis da Europa.

Um frenesi de construção continua no local de Madinatna (Nossa Cidade), que deve ser concluído na primavera (do Hemisfério Norte), e em mais de duas dezenas de locais de hotéis.

As autoridades proibiram todos os hotéis de aceitar reservas individuais a partir de novembro até a conclusão do torneio em 23 de dezembro, de acordo com uma circular emitida no início deste ano.

Em vez disso, o Supremo Comitê de Entrega e Legado do Catar cuidará das vendas de quase todas as opções de acomodação no Catar. O governo limitou as tarifas dos hotéis especificamente para a Copa do Mundo, mas as tarifas para outras acomodações ainda não foram definidas.

A luta para garantir acomodação fez com que alguns apartamentos e vilas mobiliados fossem alugados apenas para inquilinos que concordassem com curto prazo. Um agente de aluguel das vilas mobiliadas do Grand Hyatt, por exemplo, disse que todos os novos aluguéis devem terminar em março de 2022.

As Copas do Mundo anteriores foram realizadas em várias cidades em grandes países como Brasil ou Rússia, mas o Catar é quase do tamanho da Jamaica e seus oito estádios do Mundial estão agrupados em torno de sua única cidade importante, Doha.

Um porta-voz do Comitê Supremo disse em um comunicado à Reuters que eles vão “utilizar todas as opções de acomodação disponíveis” no país.