O grupo alemão Bertelsmann é, sem dúvida, um dos maiores conglomerados do mundo. Entre seus negócios estão a maior editora do planeta, a Random House, e uma das principais gravadoras, a BMG. O faturamento anual é de R$ 53 bilhões. A mais recente fonte de receita do grupo é a venda de conteúdo interativo para celulares. Na Europa, uma subsidiária, a Arvato, tem duas marcas ? TJ Net e Handy ? que juntas possuem 6 milhões de clientes que, pelo celular, compram rigtones (toques personalizados), protetores de tela, mandam e recebem mensagens de texto. Agora, a Arvato está de malas prontas para desembarcar no Brasil. Pelas projeções de mercado, o País terminará o ano com 80 milhões de celulares. Desse universo, cerca de 35 milhões de aparelhos terão recursos capazes de transformá-los em centrais portáteis de entretenimento.

Os negócios em torno desses acessórios digitais devem movimentar até dezembro cerca de R$ 360 milhões. No mundo, estima-se que a interatividade móvel movimente US$ 4 bilhões por ano. É esse volume que está atraindo a Bertelsmann para o território brasileiro. Os alemães chegarão com R$ 300 milhões para gastar em dois anos. ?É um movimento que pode ajudar a desenvolver o mercado?, analisa Leonardo Xavier, diretor da TellVox, empresa que vende ringtones, papéis de parede e até notícias. ?Será uma operação gigantesca e a meta é chegar à liderança em dois anos?, afirma um executivo que teve acesso ao plano de negócios da Arvato e que está entre os selecionados para cuidar da operação brasileira. A entrada dessa marca, que já operava de maneira tímida com a TIM, vai esquentar ainda mais a briga local travada entre pequenas companhias que fizeram acordos de divisão de receita com as operadoras de celulares. Os consumidores brasileiros baixaram 75 milhões de ringtones em 2004. A previsão para este ano é chegar em 120 milhões. Cada toque custa, em média, R$ 3. ?Os brasileiros são de longe, em toda a América Latina, os maiores consumidores desse tipo de mídia?, afirma Fabián de la Rua, diretor da Pmovil. A companhia presta serviços para 24 empresas. ?A Bertelsmann ou qualquer outra terá de investir muito dinheiro antes de roubar parte do nosso mercado?, diz Xavier, da TellVox, que está pronto para a batalha.