A suíça TAG Heuer, fundada por Edouard Heuer (1840-1892), um apaixonado pela precisão, patenteou o cronômetro em 1869. Desde então, a marca foi pioneira em diversas invenções e ferramentas para relógios, o que garantiu a ela a vanguarda entre as relojoarias. Assim como nos seus acessórios, a grife tem buscado ser precisa com as mudanças de gestão no mundo dos negócios. Em fevereiro deste ano, anunciou, pela primeira vez na sua história centenária, uma mulher no comando da região América Latina e Caribe. “É verdade que temos muitos homens nesse ramo, mas também há muitas mulheres”, diz a francesa Elodie Thellier, 34 anos, que é a nova gerente-geral regional. “Dentro da equipe, temos 20 pessoas e a maioria é mulher.”

Apesar de jovem, a carreira de Elodie é extensa no grupo LVMH, conglomerado de luxo que administra a TAG e outras 70 marcas e faturou € 42,6 bilhões no ano passado. Há 15 anos na holding, Elodie passou por grifes como Louis Vuitton e Moët & Chandon. Os oito últimos anos foram dedicados à TAG. A executiva, por exemplo, foi a responsável pelo aumento das vendas dos relógios nas lojas Duty Free e em cruzeiros marítimos, canal que se tornou o líder de receitas da grife. A estimativa de mercado é que a receita da marca é de cerca de € 2 bilhões. “A relação custo-benefício da TAG reflete o bom desempenho nos mercados emergentes e no turismo de lazer”, diz Silvio Passareli, professor da FAAP. Os preços das peças da TAG, com exceção dos modelos especiais, variam de US$ 600 a US$ 15 mil.

Embora 85% dos consumidores de bens pessoais de luxo sejam mulheres, de acordo com a consultoria Bain & Company, elas representam apenas 25% das posições no conselho de administração de empresas de luxo e moda de capital aberto. Mas isso vem mudando. Em 2017, o grupo francês Kering, que possui 22 marcas como Gucci, Bottega Veneta e Saint Laurent, dobrou as contratações de executivas mulheres. O próprio LVMH também está focado em diminuir a diferença de gênero na indústria. Para isso, lançou a campanha, em 2015, “EllesVMH”, uma brincadeira com a marca do grupo para promover a igualdade de gênero.

A estratégia da LVMH é adotar uma abordagem de baixo para cima, que começou com Elodie, na TAG Heuer, e de Maria Grazia Chiuri, na Christian Dior, que é a primeira diretora criativa na história de 70 anos da casa de design. Para competir com outras 20 marcas de relógios, Elodie tem no corpo e na mente a filosofia “Não quebre sob pressão”, que a TAG utiliza nas suas campanhas publicitárias. Triatleta, todos os anos ela participa da Pelotonia, uma competição de três dias que une ciclismo e voluntarismo. O objetivo é arrecadar fundos para pesquisas contra o câncer. “Eu gosto de desafios”, diz Elodie. “Quem compra e quem vende a TAG precisa amar esporte e, sobretudo, amar superar seus próprios limites.”