A ordem era capturar a crista que corre do Monte Belvedere para noroeste, inclusive Monte Castelo, a fim de impedir que o inimigo mantivesse sob sua vista a estrada 64, que ligava a cidade de Pistóia a Porretta Terme e Bolonha. Nessas poucas linhas, a instrução de operações n.º 71, de 26 de novembro de 1944, inaugurava a saga que se tornaria símbolo da ação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália: a campanha para a tomada de Monte Castelo, conquistado pelos soldados brasileiros há 75 anos.

A instrução era do comando do IV Corpo de Exército americano, e foi enviada ao general Mascarenhas de Moraes, comandante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária. O primeiro ataque ao monte reuniu três batalhões de infantaria brasileiros, três grupos de artilharia e três pelotões de carros de combate norte-americanos. Os brasileiros avançaram no dia 29 de novembro, um dia depois de os alemães terem expulsado as tropas norte-americanas que haviam tomado o Monte Belvedere. O ataque fracassou. As baixas chegaram a 190 entre os combatentes.

Seria preciso outro ataque – em 12 de dezembro, que parou na reação alemã em meio ao nevoeiro e ao imenso lamaçal que se formara com as chuvas – para que o comando da FEB chegasse à conclusão de que as elevações só poderiam ser tomadas por meio da ação combinada de duas divisões. O comando do 5.º Exército americano, ao qual o IV Corpo com a FEB estavam subordinados, concordou com o novo plano.

A ofensiva só foi retomada em fevereiro de 1945. “Se prepara que amanhã nós vamos tomar Monte Castelo.” Foi assim que o soldado Juventino da Silva, veterano da FEB, contou, em vídeo preparado pelo Comando do Exército, como soube que reiniciaria a marcha paralisada em dezembro.

Preparativos

Era 20 de fevereiro quando a tropa foi informada dos detalhes da nova ofensiva. Na manhã de 21, o 1.º Regimento de Infantaria da FEB partiu às 5h30 para tomar a posição – um dia antes, conforme o plano, a 10.ª Divisão de Montanha dos EUA conquistara Monte Belvedere. O ataque se prolongou durante o dia e a defesa alemã entrou em colapso às 17h20.

O avanço prosseguiu e um grupo de brasileiros sob o comando do tenente Apollo Miguel Rezk tomou La Serra – outra posição da região. Mesmo ferido, Rezk rechaçou três contra-ataques alemães durante sete horas. “Monte Castelo custou muito caro à FEB: 478 brasileiros tombaram em combate, sendo 103 no último dos três ataques. O supremo sacrifício não fora em vão”, escreveu o general Edson Pujol, comandante do Exército, em sua Ordem do Dia sobre a data.

Com a tomada do monte, não só caía o maciço de cristas, que abria o caminho para Bolonha e para o Vale do Pó, prenunciando o fim da guerra na Itália, mas também a FEB conquistava um dos símbolos – talvez o maior – de sua campanha contra os nazistas e os fascistas na Europa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.