Parecia uma operação de guerra. De repente, em meio a um congestionamento na BR-101, no trecho entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, um helicóptero aterrissou junto ao acostamento. Um grupo de homens uniformizados correu até uma das carretas paradas, tirou de lá seis caixas e levou-as de volta ao helicóptero, que decolou imediatamente. Algumas horas mais tarde a aeronave aterrissava no pátio da fábrica da General Motors em Gravataí (RS). A ação, digna de um filme americano, ocorrida em agosto passado, foi coordenada pelo executivo italiano Gianfranco Sgro, presidente da filial brasileira da TNT Logistics Ltda. e responsável pelo transporte de componentes dos fornecedores para a fábrica da GM, em Gravataí. Um atraso na entrega paralisaria a recém-inaugurada linha de montagem do Celta, novo carro da GM. ?Foi uma ação de emergência?, recorda Sgro.

A TNT Logistics pertence ao grupo holandês KPN, um conglomerado que fatura por ano US$ 8,5 bilhões. Descer helicópteros em rodovias em busca de carga não é exatamente a rotina da empresa. Mesmo assim, o dia-a-dia da companhia holandesa é tenso. A TNT é responsável pelo transporte de carga em nove empresas de grande porte no Brasil: Fiat, Fiat Allis, Stola, Agip, Magneti Marelli, New Holland, Delphi, Iveco, além da própria General Motors. No total, são 100 mil itens ? entre carros e componentes ? que fazem um trajeto complexo entre os clientes, seus fornecedores e os consumidores. Sgro explica que o segredo do sucesso nas operações é o tempo. ?As peças têm que estar no momento certo na linha de montagem?, diz. Cronometrar o tempo e usar os melhores meios de distribuição de encomendas são as duas palavras-chaves da companhia.

A empresa, que este ano deve obter no Brasil uma receita de R$ 120 milhões, contra R$ 108 milhões em 1999, chegou ao País há três anos convocada pela Fiat. A montadora italiana precisava terceirizar o transporte de peças, componentes e carros prontos dentro da fábrica de Betim e entre a planta e os fornecedores, além de coordenar o tráfego diário de 1 mil caminhões pelos pátios da empresa. A primeira atitude da TNT foi mudar tudo. O trabalho foi entregue à equipe comandada por Giuseppe Chiellino, diretor regional para Minas Gerais. O time da TNT simplesmente trocou o sentido de alguns corredores nas linhas de montagem, instalou novos sinais de orientação, enfim, redesenhou os caminhos da planta industrial. Tudo com o objetivo de tornar mais ágil o tráfego de componentes e carros prontos pelas linhas de montagem da Fiat. No início, Chiellino recorda que parte da administração industrial da fábrica ficou reticente. Mudar o desenho da instalação mexeu com os brios dos veteranos de Betim. ?Houve um pouco de ciúme que foi superado com profissionalismo de ambas as partes?, conta. O resultado foi a redução de 15% nos custos industriais da Fiat ? e a abertura das portas do mercado automotivo.