O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Ribeiro Damaso, afirmou nesta terça-feira, 8, durante audiência pública na comissão mista da medida provisória 777, que a Taxa de Longo Prazo (TLP) vai criar condições para elevar a potência da política monetária.

“A taxa será extremamente benéfica para condução da política monetária”, afirmou Damaso. Segundo ele, com a TLP o ciclo de política monetária será de menor amplitude. Na prática, as decisões sobre a Selic (a taxa básica da economia) serão mais efetivas, reduzindo a necessidade de ciclos mais longos.

“A TLP vai ampliar os recursos de financiamento de longo prazo no Brasil”, acrescentou Damaso, ao citar as vantagens da nova taxa. Ele pontuou que os recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), que hoje servem de funding para os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), são limitados. E, pela atual dinâmica, o BNDES precisa decidir para quem alocar estes recursos.

“Poucos ganham e muitos pagam pelos recursos com subsídios direcionados”, disse.

Para Damaso, a TLP, que substituirá a TJLP como referência nos financiamentos do BNDES, vai permitir a “reciclagem” do crédito do banco de fomento. “Hoje, ninguém opera TJLP, porque ninguém consegue precificar esta taxa”, afirmou.

De acordo com Damaso, em função do BNDES atual, o próprio setor financeiro hoje não se estrutura para ofertar crédito de longo prazo. Ele lembrou ainda que a TLP não põe fim a subsídios, mas sim traz para o Congresso o poder decisório sobre benefícios a serem concedidos a setores específicos.