O CEO e cofundador da fintech PagBrasil, Ralf Germer, falou à DINHEIRO sobre o crescimento no número de operações feitas por sua plataforma. Devido à pandemia, mais brasileiros optaram por fazer compras pela internet e aumentaram o uso dos serviços da empresa em torno de 65%. Fundada em 2010 e sediada em Porto Alegre, a PagBrasil tem como clientes companhias nacionais e estrangeiras que vendem para o consumidor brasileiro.

Qual foi o impacto da pandemia na PagBrasil?
Como somos uma fintech do segmento de processamento de pagamentos on-line, o impacto está sendo positivo. Posso dizer que em abril tivemos crescimento médio de 65% em número de transações globais. Em uma modalidade específica nossa, o boleto flash, o crescimento foi de 345%. Mostra que as pessoas estão comprando mais on-line.

Em qual setor houve melhor desempenho?
O faturamento para o mercado de educação on-line dobrou. Produtos de tecnologia, como software, inclusive para videoconferência, e jogos on-line triplicaram o faturamento. Outros pontos que ajudaram no nosso desempenho são que lojas que só vendiam fisicamente montaram e-commerce e empresas estrangeiras que não operavam no Brasil passaram a atuar.

Qual a principal forma de pagamento?
O cartão de crédito é o mais usado, seguido pelo boleto bancário. O cartão de débito é pouco usado porque é preciso digitar senha bancária, exige a instalação de protocolos de segurança.

Esse desempenho se manterá?
Talvez caia um pouco, porque as pessoas vão voltar a fazer mais compras físicas. Mas se manterá num patamar maior do que era antes da pandemia. É um caminho sem volta. Além disso, com a implantação do sistema PIX pelo Banco Central, a partir de novembro, os pagamentos instantâneos feitos por meio de QR Code vão se popularizar.

O que é o PIX e como ele vai funcionar?
É um sistema de pagamento instantâneo que vai interligar todas as carteiras virtuais que existem no mercado hoje. A base será a mesma para todos e será possível fazer pagamentos com aplicativo do banco ou a partir de uma carteira virtual. Hoje em dia, se o consumidor é cadastrado no PicPay, o vendedor também tem de ser cliente da mesma plataforma. Com a implantação do PIX, os sistemas vão conversar entre si. É semelhante ao que aconteceu com as maquininhas de cartão, cuja unificação da plataforma possibilita pagar numa com o cartão de crédito ou débito de outra.

Facilidade igual à de cartões tradicionais.
Até mais, porque será um sistema de pagamento instantâneo, que funcionará 24 horas, sete dias por semana. Como o próprio nome diz, é instantâneo. Pagou, o dinheiro já entra na conta do comerciante, seja em um dia útil ou não, a qualquer hora do dia e da noite. O que é uma vantagem, porque aumenta o fluxo financeiro.

Essa instantaneidade não gera riscos adicionais de segurança?
Sim, esse é um ponto importante. Hoje, as pessoas andam com pouco dinheiro no bolso porque não querem virar alvo de assaltantes. Da mesma forma, muitos comerciantes e motoristas de aplicativos, por exemplo, preferem receber diretamente em suas contas correntes. Assim, reduzem os riscos de assaltos. A questão é que, quando o PIX se popularizar, as pessoas poderão fazer pagamentos instantâneos por celular. Ou seja, o smartphone se assemelhará ao dinheiro em espécie. Um ladrão pode abordar alguém e pressionar para que seja feita uma transferência para uma conta específica. Como a operação é simples, esse dinheiro pode ser rapidamente diluído para outras contas e saques em caixas eletrônicos. É um problema a ser resolvido.

CAPTAÇÃO
Fintech recebe US$ 5 milhões do Santander InnoVentures

A fintech a55, que oferece crédito a pequenas e médias empresas usando receitas como garantia, recebeu aporte de US$ 5 milhões de uma rodada liderada pelo Santander InnoVentures. Em uma rodada anterior, a fintech já havia levantado US$ 3 milhões de pequenos investidores brasileiros e internacionais. Desde sua fundação, em 2018, a companhia já fez 350 operações de crédito a 50 empresas, no total de R$ 100 milhões no Brasil e outros US$ 7 milhões (cerca de R$ 36 milhões) no México. A meta é dobrar esse montante em 12 meses. Uma das razões para o Santander InnoVentures investir na a55 está na perspectiva de que a crise atual vai acelerar mudanças nos hábitos de consumo e uso de recursos financeiros, em direção ao digital.

INVESTIMENTO
ClickCash recebe aportede R$ 2,5 milhões

O recém-lançado aplicativo ClickCash, que oferece empréstimo pessoal, anunciou a captação de novos investimentos, no montante de R$ 2,5 milhões. O valor é garantido pela plataforma Change Invest e por investidores privados europeus, e será destinado para gastos com pesquisa e desenvolvimento, além da ampliação da carteira de empréstimos do app. Em fevereiro, pouco antes de iniciar suas atividades, a fintech já havia levantado R$ 5,5 milhões liderado pela austríaca Telor e pela estoniana Morcote Holdings. A proposta do ClickCash é oferecer empréstimo pessoal com rapidez, em valores entre R$ 500 e R$ 10 mil, para pessoas físicas. Os juros variam de 3% a 11%, dependendo da nota de crédito da pessoa e do valor emprestado. Lançado em março, o aplicativo tem 10 mil usuários no Brasil.

Números da semana
R$ 914,2 bilhões 

É o valor total de concessões de crédito feitas de 1º de março até 22 de maio, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O montante inclui contratações, renovações e suspensão de parcelas. De acordo com a entidade, nesse mesmo período, o setor já renegociou 9,7 milhões de contratos com operações em dia, cujo saldo devedor total é de R$ 550,1 bilhões. A soma das parcelas suspensas dessas operações repactuadas é de R$ 61,5 bilhões, com carência para pagamento variando entre 60 e 180 dias. Das parcelas suspensas, R$ 33,1 bilhões beneficiam pequenas empresas e pessoas físicas. O relatório também aponta que as concessões de crédito para pessoas físicas, em abril deste ano, totalizaram R$ 140,6 bilhões, recuo de 16,6% em comparação com o mesmo mês de 2019. Quanto às pessoas jurídicas, houve aumento de 14,2%, de R$ 135,6 bilhões, em abril de 2019, para R$ 154,8 bilhões no mesmo período deste ano. Desde o início da pandemia, a taxa de juros média para o conjunto das operações de crédito recuou de 23,1% para 21,5% ao ano. E o spread médio das operações de crédito caiu de 18,6% para 17,2%.