O que Klabin, BTG Pactual e FS Bioenergia têm em comum? Todos iniciaram o ano recorrendo aos Títulos Verdes para financiar projetos ligados aos critérios ESG (ambiental, social ou de governança). Ao realizarem as operações, que juntas somaram mais de US$ 1 bi, as companhias engrossam um mercado que movimentou US$ 14 bilhões no Brasil em 80 captações públicas realizadas desde 2015 – quando a BRF estreou no mercado com emissão de 500 milhões de euros, de acordo com a Sitawi.

Nos últimos anos, as operações estão mais frequentes: em 2020 foram realizadas 48, o dobro em relação ao ano anterior. Ainda assim, embora o País seja um dos maiores mercados potenciais para a economia verde devido à sua matriz energética sustentável e sua megabiodiversidade, a movimentação ainda é irrisória diante dos mais de US$ 1 trilhão movimentados no mundo.

“O potencial para emissão de títulos verdes no Brasil é enorme. Quando falamos de agronegócio, por exemplo, somente para cumprir as metas assumidas na COP 21, a demanda de recursos é de R$ 160 bilhões até 2030, além da demanda por financiamento da produção de grãos e de bioenergia”, disse à DINHEIRO Cristiano Macedo, diretor Comercial da Ecoagro.

Entre as vantagens desse tipo de papel para o emissor está o acesso a novos investidores e ganhos reputacionais. Já para o investidor há maior transparência na utilização dos recursos, o que pode resultar em menores riscos associados ao investimento. No caso da Klabin, os US$ 500 milhões captados em sua primeira emissão de títulos sustentáveis serão para a redução do uso de água e da geração dos resíduos sólidos, além da reintrodução de duas espécies de animais em extinção no ecossistema até 2030.

No BTG Pactual, os US$ 500 milhões irão financiar projetos socioambientais como BTG Soma, programa de profissionalização de ONGs e Organizações Não Governamentais da Sociedade Civil (OSCs) – projeto que está com inscrições abertas. Já a FS Bioenergia levantou valor adicional de US$ 50 milhões, que se somam aos US$ 550 milhões em Títulos Verdes captados em 15 de dezembro de 2020, para refinanciar o capital de giro.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1207 da Revista Dinheiro)