Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) – A TIM vai repassar nas próximas semanas a redução de ICMS concedida ao setor de telecomunicações aos preços de pós-pago, enquanto no pré-pago será oferecida uma elevação aos clientes na oferta de gigabytes por plano, disse o presidente da operadora nesta terça-feira.

A estratégia vem após lei federal, que entrou em vigor em junho, estabelecer um teto para as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de alguns setores, incluindo telecomunicações.

O diretor presidente da TIM, Alberto Griselli, disse em conferência de resultados com analistas que a empresa escolheu elevar a oferta em gigabytes nos planos pré-pagos, em vez de cortar o preço, para tornar a operação viável financeiramente.

Ele afirmou que a medida deve levar a um impacto nas recargas de pré-pago nos próximos trimestres.

A TIM divulgou na noite da véspera queda de 54,1% no lucro do segundo trimestre ante igual período do ano anterior, com maiores despesas ofuscando sólido crescimento da receita.

Por volta de 12h59, as ações da TIM caíam 0,88%, tendo recuperado parcialmente perdas que chegaram a até 1,8% mais cedo. O Ibovespa reverteu queda inicial e subia 1%.

Os executivos da TIM disseram que foi enviada na sexta-feira uma contraproposta à agência reguladora do setor, Anatel, com um novo preço para oferta de roaming.

O presidente do órgão regulador, Carlos Baigorri, disse em meados de julho à Reuters que a Anatel poderia buscar desfazer a venda dos ativos de telefonia móvel da Oi, negócio no qual a TIM é uma das compradoras, caso um impasse com operadoras sobre a oferta de roaming não fosse resolvido.

Griselli, da TIM, afirmou que teve uma reunião com o presidente da Anatel na semana passada quando foi esclarecido à companhia que o “negócio da Oi não está em discussão”, nas palavras do executivo durante a teleconferência.

A oferta de roaming, serviço de telefonia para usuários que estão em áreas onde sua operadora original não possui atuação, pelas compradoras da Oi Móvel – TIM, Telefônica Brasil e Claro – foi definida como contrapartida pelos órgãos reguladores ao negócio, com o objetivo de alimentar a competição no setor.

No entanto, as três companhias travaram paralelamente o processo de oferta de roaming na Justiça por discordâncias sobre preços com a Anatel.

INTEGRAÇÃO COM OI E DIVIDENDOS

A TIM disse na apresentação que a migração da rede adquirida da Oi deve ocorrer até dezembro e, segundo seus executivos, os custos da companhia devem mostrar dinâmica mais positiva no segundo semestre.

A diretora financeira e de relações com investidores da TIM, Camille Faria, afirmou que o principal impacto ao lucro do segundo trimestre veio de arrendamentos financeiros vindos da aquisição de torres da Oi, as quais a empresa pretende vender mais de 60%.

“À medida que a integração tem progresso e as sinergias começam a ser capturadas, devemos ver essa linha (lucro) voltar à tendência usual”, disse Faria. A executiva ainda citou melhor tendência de despesas operacionais nos próximos trimestres.

Ela afirmou, porém, que por causa de obrigações regulatórias na venda de antenas, os desinvestimentos em torres só devem ganhar tração em 2023. A TIM espera finalizá-los até o fim de 2024.

Questionada, Faria manteve a projeção divulgada mais cedo neste ano pela TIM de distribuição de dividendos de cerca de 2 bilhões de reais em 2022.

Sobre potenciais operações de aquisição e fusão, especialmente em fibra ótica, Griselli afirmou que a TIM não está olhando “ativamente” para esse ponto, já que o foco no momento é 5G e integração dos ativos adquiridos da Oi.

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