Sinergias: os shoppings da Aliansce (à dir.) e da Sonae Sierra Brasil (à esq.) possuem perfis semelhantes, o que tende a beneficiar a fusão (Crédito:Gabriel Teixeira)

A administradora de shopping centers Aliansce, segunda maior do setor, com 20 empreendimentos, vem buscando oportunidades de consolidação. Em meados do ano passado, ela tentou fundir-se com a líder BRMalls, sem sucesso. A companhia fundada pelo empresário Renato Rique mirou então outra rival. No começo de julho, a empresa anunciou que está negociando uma união com a Sonae Sierra Brasil, de capital português, que possui nove centros comerciais no País. “A fusão faria todo sentido”, diz Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria GS&Mall. “Ela traria sinergias em várias frentes do negócio.”

Os ganhos viriam pelo perfil semelhante das duas operações, tanto no posicionamento, quanto no porte dos empreendimentos, no mix de lojas e no público-alvo. “Um eventual acordo traria mais poder de barganha para negociar com lojistas e com fornecedores”, afirma Julio Ferreira, especialista da AGR Consultores. A combinação criaria uma empresa com 29 shoppings, faturamento de R$ 862 milhões e lucro líquido superior aos R$ 355 milhões, próxima do tamanho da líder BRMalls, que fatura R$ 1,3 bilhão e detém 39 shoppings. Os investidores parecem ter concordado com o benefício da união e as ações da Aliansce e da Sonae subiram 5,2% e 6,7%, respectivamente, no pregão de 4 de julho.

As administradoras quase não possuem sobreposições de ativos, o que melhora as sinergias. A Aliansce é forte no Nordeste e no Rio de Janeiro e a Sonae é relevante na região Sudeste. “É uma combinação difícil de encontrar, o que deve ser um estímulo para a transação”, diz Marinho. O principal entrave para a conclusão do negócio é definir a governança da empresa resultante. Segundo reportagem do Valor Econômico, as negociações avançaram para um modelo no qual a Sonae manteria controle de parte da direção da nova companhia. O cargo de presidente, por sua vez, seria ocupado por Rafael Sales, atual CEO da Aliansce. “A influência da Sonae Sierra na nomeação dos membros do conselho e da administração será fundamental para as negociações avançarem”, afirmaram Luis Stacchini e Vanessa Quiroga, analistas do banco Credit Suisse, em relatório.

O negócio tem também potencial para impactar o setor. O segmento é extremamente pulverizado no País e a participação somada das sete maiores empresas não ultrapassa os 30%, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers. A Sonae possui fatia de 2,9% e a Aliansce de 4,7%. Nesse cenário, a eventual fusão poderia ser positiva, inclusive, para o desenvolvimento do mercado. “Há um espaço grande para consolidação”, afirma Marinho. “Se o projeto da fusão for adiante, ele pode ser o pontapé inicial para uma série de movimentos similares.”

Colaborou: Moacir Drska