O executivo Luiz Rogério Felipak nunca foi tão popular. Diretor comercial de varejo do Real (Abn Amro), Felipak sempre circula pelas agências e conversa com os funcionários do banco. Mas nos últimos dias ele não pode colocar os pés fora de seu escritório sem ser abordado. ?Quero um autógrafo?, pede um funcionário da sede do Real, em São Paulo. ?Foi show?, diz outro. Até clientes o cumprimentam na rua. A razão para tanta populari-
dade pode ser vista na tela. Há um mês, o Real tem um canal exclusivo de tevê. Periodicamente, diretores entram no ar para
falar com os 28 mil empregados. Os programas são transmitidos em cadeia nacional, em aparelhos de tevê em 800 agências. Algumas vezes, até os clientes assistem à programação. A audiência pode chegar a 20 mil fregueses em todo o País.

 

O interesse do Real pela mídia tem uma explicação. Para se comunicar com todos empregados, não há meio mais rápido e eficiente, diz Felipak. Foi por via satélite que o Real contou para seus empregados como funcionaria a rede de agências Van Gogh, para clientes de alta renda. O presidente do banco, Fábio Barbosa, também já deu seu recado em uma gravação. Felipak e outros diretores entram no ar sempre que é preciso dar um aviso ou fazer um treinamento. Na semana passada, Felipak transmitiu ao vivo da Holanda. ?Vamos criar um programa semanal para comunicação com toda a rede?, diz o superintendente operacional Edmar Cioletti. O programa para os funcionários será transmitido toda segunda-feira. Também se estuda um programa para a divulgação de produtos e serviços para os clientes.

A idéia do novo canal surgiu quando o Real negociava com a Directv a assinatura de sua programação para passar nas agências. Outras empresas, como a Brastemp, também têm acesso a canais de tevê. Mas usam o serviço apenas em situações especiais. O HSBC está lançando uma tevê para seus 21.500 funcionários. No Real, ver cinegrafistas com equipamentos na sede do banco virou rotina. Mesmo os executivos mais tímidos habituaram-se com as câmeras. Quando se sentem intimidados, dão entrevistas em vez de gravar depoimentos. As apresentações são curtas e diretas, sem muita filigrana. ?Não somos atores, apresentadores ou repórteres. Procuramos agir da maneira mais natural possível e dar o nosso recado?, diz Felipak, o garoto-propaganda mais ativo do Real.