Longe da competição acirrada dos grandes centros, novas empresas de tevê a cabo estão fazendo a festa nas capitais nordestinas e cidades de médio porte do interior brasileiro. É o resultado do processo de democratização no setor, promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2000, o número de autorizações concedidas pela Anatel aumentou 45,12%, em relação ao ano anterior. Até o fim do ano, graças a essa política, o País terá acumulado 223 cidades com o sistema a cabo operando. Esse movimento já está afetando os preços do mercado. O valor médio das assinaturas, que era de R$ 68 em 1998, caiu para R$ 40. ?A tendência é de queda no preço ?, diz Renato Guerreiro, presidente da agência reguladora. A estratégia das empresas consiste em chegar na frente em municípios com até 200 mil habitantes, além das capitais nordestinas. É um mercado quase virgem pronto para ser explorado. ?O interior de São Paulo é o filé mignon para o segmento de tevê a cabo?, diz a gerente de marketing e programação da Horizon, Neusa Risette. A região é a segunda mais rica do País, com 18% PIB nacional, perdendo apenas para a área metropolitana de São Paulo. De olho no alto poder aquisitivo dos ?caipiras?, a empresa tem concessão para operar em 33 cidades do interior paulista, duas no Estado do Rio de Janeiro e Manaus. Há menos de um ano em operação, a Horizon, com sede em Americana, interior de São Paulo, tem apenas 40 mil assinantes. Mas o grande patrimônio da empresa são os 8 milhões de clientes em potencial que vivem sob seus cabos de transmissão. Isso representa 9% do mercado nacional, que é hoje de 84 milhões de pessoas. A Horizon ainda trabalha no vermelho, mas, segundo Neusa, investimentos de R$ 1,2 bilhão nos próximos quatro anos reverterão esse quadro.

De olho em 2002. Quem também aposta na força do Interior é a Alusa, tradicional grupo de engenharia e infra-estrutura. A Big TV, braço de telecomunicação do grupo, tem oito concessões no Estado de São Paulo ? quatro delas adquiridas há duas semanas ? e as capitais nordestinas de Maceió, Teresina e João Pessoa. ?Para cada cidade, o investimento necessário é de US$ 100 mil?, diz o diretor-executivo da Big TV, Gustavo Godoy. Os planos das empresas não se resumem a oferecer a assinatura de canais exclusivos, como HBO, Sony e CNN. Junto com as obras de cabeamento está sendo instalada infra-estrutura para banda larga e telefonia fixa. As operadoras estão de olho na abertura do mercado de telefonia fixa, prevista para 2002. A princípio, elas não poderão atuar. O que não as impedirá de alugar sua rede para empresas autorizadas pela Anatel. Em fevereiro, a Horizon inaugura sua Internet de alta velocidade e para o terceiro trimestre deste ano, começam os testes com telefonia fixa. ?A Embratel, por exemplo, terá concessão mas precisará construir uma rede de transmissão?, diz Sergio Freitas, diretor de Internet da Horizon. ?Poderemos compartilhar a nossa estrutura ou desenvolver nossos próprios projetos.? Já a Big TV não pretende disputar o mercado de telefonia, mas estuda a viabilidade de utilizar sua rede de fibras ópticas para instalar parquímetros eletrônicos.