Ao receber a notícia de que a SLC Agrícola havia conquistado pela quarta vez o título de campeã da categoria agronegócio da MELHORES DA DINHEIRO 2021 , a reação de Aurélio Pavinato, CEO da companhia, foi trazer o foco para a importância da gestão. “Ganhar um título às vezes acontece, ser bicampeão demonstra esforço. Mas ser tetra mostra consistência”, afirmou. É disso que Pavinato gosta. Ao trazer os princípios do gerenciamento industrial para o campo, padronizou processos e ferramentas nas 22 unidades do grupo. Assim, planejar, controlar, medir e fazer acertos se tornou mais eficiente, tornando o grupo maior e mais lucrativo. A empresa encerrou 2020 com receita líquida de R$ 3,1 bilhões, alta de 22,1% em relação a 2019, lucro líquido 62,2% maior (R$ 510,9 milhões), e Ebitda de R$ 960,2 milhões, alta de 20,7%.

Nos números está o reflexo de um trabalho baseado em quatro eixos estratégicos. Crescimento com asset light — ainda que a empresa tenha surpreendido o mercado no ano passado com o anúncio da compra da Terra Santa e da Agrícola Xingu, 54% do plantio é feito em áreas arrendadas e de joint ventures —; eficiência com distanciamento em relação à média (produtividade e controle de custos); indicadores financeiros consistentes; e protagonismo em ESG, que é comprovado pelas certificações como as ISO 14.001 (ambiental) e 45.001 (saúde e segurança ocupacional), e a NBR 16.001 (responsabilidade social).

Em produtividade, a empresa tem entregado o distanciamento da média conforme combinado com o acionista. Na soja, recorde no ano passado, a SLC Agrícola colheu 65 sacas por hectare. O volume representa 16% a mais do que a média nacional de 56 sacas/ha. Este ano, os resultados estão ainda melhores, com 66 sacas/ha, contra 57 do mercado. Em algodão, a companhia registrou algo entre 122 a 123 arrobas de plumas por hectare, superando a média em algo entre 2% e 3%. E mesmo com a quebra da segunda safra do milho, provocada pela rigorosa seca que castigou as plantações de Mato Grosso do Sul e Paraná, a empresa registrou produtividade 40% maior do que a média de seus concorrentes. “Esse nível de produtividade nos gera uma diferenciação competitiva muito importante”, afirmou Pavinato.

AURÉLIO PAVINATO EMPRESA: SLC Agrícola. CARGO: CEO. DESTAQUES DA GESTÃO: Produtividade e controle de custos acima da média do mercado, certificações ESG (ambiental, social e de governança) e aquisições da Terra Santa e da Agrícola Xingu. (Crédito:Divulgação)

Sem receio algum de abrir o caminho que fez a empresa superar o mercado no quesito fazer mais com menos, Pavinato dá a receita. O primeiro passo: um planejamento agrícola bem elaborado. “Isso contempla qual variedade plantar, quais níveis de adubação utilizar e quais defensivos agrícolas usar para controlar pragas e doenças.” Em seguida, uma execução perfeita, o que inclui plantio na data certa para se obter o máximo potencial produtivo além de capacidade e organização para executar a operação no timing correto. Finalmente, o manejo adequado da cultura com identificação, mapeamento e controle diário de pragas e doenças.

Este mesmo conceito de se distanciar o máximo possível do mercado é adotado em custos de produção. Na safra 2020/21, para produzir um hectare de soja, o time gastou R$ 3.469. No milho segunda safra, foram R$ 2.936; no algodão primeira safra, R$ 10.535 e na segunda safra R$ 10.205. Todos os números abaixo da média do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da Conab. Com a lucidez de que 60% do custo é composto por sementes, fertilizantes e defensivos, a SLC aposta novamente em planejamento para fazer o controle. “O racional é sempre a máxima eficiência econômica e não agronômica”, afirmou. Isso significa que a busca não é por produtividade, é por eficiência.

“Com produtividade acima da média e custos abaixo, conseguimos alcançar margens superiores” Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

Mas não dá para atribuir o sucesso somente às questões administrativas. Como o segundo maior grupo agrícola do Brasil, atrás do Grupo Bom Futuro, a escala permite um poder de negociação importante com fornecedores. O que se torna diferencial competitivo e aproveitado. “Com produtividade acima da média e custos abaixo, conseguimos alcançar margens superiores.” A margem Ebitda dos primeiros seis meses de 2021 alcançou 42%.

Um dos maiores desafios para a safra 2021/22 está justamente em manter a consistência na lavoura e nas planilhas com uma área produtiva 40% maior, fruto da aquisição da Terra Santa e da Agrícola Xingu. Para não se perder nas dores de crescimento, o grupo aposta em tecnologias como agricultura de precisão, aplicação localizada de defensivos e automação. Com foco no plano, os resultados devem aparecer em 2022, o que deve incluir, espera Pavinato, “o título de pentacampeã da MELHORES DA DINHEIRO”.