Contrariando quase tudo o que se sabe até agora sobre testosterona, um novo estudo aponta que o hormônio não promove apenas comportamentos sexuais e agressivos no homem. Segundo uma pesquisa da Universidade Emory, nos Estados Unidos, a testosterona pode também deixar o homem mais afetuoso, e sociável com sua parceira ou parceiro – e até com desconhecidos. 

O estudo aponta que o hormônio pode fazer do homem um “super parceiro”. “Pela primeira vez, demonstramos que a testosterona pode promover diretamente o comportamento não sexual e pró-social, além da agressão, no mesmo indivíduo”, explica Aubrey Kelly, professora de psicologia e uma das mentoras da pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B.

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A justificativa do estudo é que o hormônio pode causar uma influência na atividade neurológica das células de ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, por estimular sentimentos como afeto e empatia nas pessoas. 

Sendo assim, “dependendo do contexto social”, a testosterona pode promover comportamentos “mais sutis” e nem sempre agressivos nos homens.

Os pesquisadores usaram esquilos da Mongólia para os testes. Esses animais possuem comportamentos semelhantes aos humanos em fase de acasalamento, pois ficam mais carinhosos e protetores numa relação, sobretudo quando a fêmea engravida. 

O objetivo dos testes era perceber de que modo a testosterona poderia interferir no comportamento do macho e, ao contrário do que esperavam (ou seja, comportamentos mais agressivos, em tom de proteção), notaram que uma dose extra deste hormônio (injetado nos animais) aumentou os níveis de afeto e de comportamentos sociáveis. 

“Em vez disso [da agressão], ficamos surpreendidos com o fato de o esquilo ter se tornado ainda mais afetuoso e sociável com sua parceira”, afirmou a cientista e emendou: “Tornou-se um super parceiro”.

O estudo ainda fez outro teste, uma semana depois, com a inserção de um esquilo da Mongólia intruso na jaula e sem a fêmea. Mesmo assim, os animais que haviam recebido a dose extra de testosterona continuaram sem apresentar agressividade, e ainda aparentavam comportamentos “amigáveis” com o outro esquilo. No entanto, com o reforço do hormônio, o comportamento mudou.

Isso fez os autores do estudo concluírem que a ação da testosterona no corpo parece depender do contexto em que o macho se encontra. 

No caso dos esquilos usados nas experiências, o fato de estarem em “modo de acasalamento” fez com que uma dose extra do hormônio os deixasse mais sociáveis e afetuosos com tudo e todos. 

No entanto, uma segunda dose já causou um efeito diferente, o que, em um contexto de desconforto e perigo, os levou a adotar comportamentos mais agressivos.