A fabricante americana de carros elétricos Tesla anunciou, nesta terça-feira (25), o estabelecimento na China de um centro de processamento de dados para seus veículos, num contexto de suspeitas de espionagem em meio à rivalidade Pequim-Washington.

Preocupadas com a possibilidade de transmissão para os Estados Unidos de dados como imagens tiradas por câmeras de automóveis, as autoridades chinesas restringiram em março o uso de veículos Tesla por militares e funcionários de grandes empresas estatais.

“Instalamos um data center na China para armazenar localmente dados [coletados por veículos Tesla vendidos na China continental] e vamos adicionar outros”, anunciou a empresa em um comunicado publicado na rede social Weibo.

A fabricante prometeu “proteger a segurança dos dados” que serão coletados.

Em um contexto de rivalidade tecnológica entre China e Estados Unidos, o CEO da Tesla, Elon Musk, havia garantido em março que os dados de seus carros eram confidenciais e não eram usados para espionagem.

A China é um mercado crucial e promissor para a Tesla, que construiu uma fábrica em Xangai e já vende um quarto de sua produção total no mercado do gigante asiático.

O anúncio também é feito em um contexto de endurecimento de Pequim em relação ao setor digital, que por muito tempo se beneficiou de uma legislação de dados pessoais relativamente frouxa.

A Tesla também tem enfrentado pressão no mercado chinês nos últimos meses.

Em fevereiro, as autoridades convocaram representantes da marca após supostas avarias nos veículos, principalmente no quesito segurança.

E no mês passado, a Tesla enfrentou uma onda de críticas em todo o país após uma cliente descontente subir no teto de um carro da marca no Salão do Automóvel de Xangai para denunciar que quase morreu por causa do sistema de freio supostamente defeituoso de seu veículo.

A Tesla se comprometeu a cooperar com as autoridades para resolver essa disputa.