Nas condições atuais, a temperatura mundial se elevará 1,5ºC até 2040, o primeiro dos tetos fixados pelo Acordo de Paris, salvo se agirem de forma urgente, segundo um rascunho do grupo de especialistas da ONU.

“Existe um forte risco de que (…) a Terra esquente mais de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais”, adverte este projeto de relatório, do qual a AFP obteve uma cópia. “No nível do aquecimento atual, a temperatura global média alcançaria +1,5ºC daqui até 2040”.

Este relatório foi encomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, após a adoção do Acordo de Paris em 2015, e será apresentado no segundo semestre de 2018.

O IPCC indicou à AFP que o texto ainda pode ser modificado.

No Acordo de Paris os Estados se comprometeram a limitar a mudança climática “abaixo de 2ºC” e a “continuar os esforços para limitar o aumento de 1,5ºC”.

Atualmente a temperatura já se elevou 1ºC.

A única maneira de permanecer em 1,5ºC é “realizar ações rápidas, profundas e multissetoriais”, segundo o documento de trabalho do IPCC.

Entre outras medidas, cita reduzir fortemente a demanda de energia por habitante, desenvolver as energias renováveis – que devem se converter na fonte dominante de energia primária a partir de 2050 – e acabar “rapidamente” com o carvão.

Este documento recorda que entre +1,5ºC e +2ºC há uma grande diferença: intensidade dos ciclones, secas, fontes de água. Mas em 1,5ºC também haveria consequências, como o degelo das calotas glaciais, que causam a elevação do nível do mar.

Para permanecer abaixo de 1,5ºC deveriam igualmente extrair CO2 da atmosfera, em particular com as florestas, recorda o rascunho. Também teriam que lutar contra outros gases, como o metano.