O conselho de Larry Fink, gestor da Blackrock e um dos maiores investidores do mundo, para que países e empresas encarem a mudança do clima como risco de negócio não está surtindo efeito. Em seu relatório mais importante da última década sobre o tema, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a ONU prevê que a temperatura global pode aumentar em 1,5oC já na próxima década.

Concretizada, a marca levará à falência ecossistemas inteiros. “O relatório do IPCC é um alerta vermelho para a humanidade”, disse António Guterres, secretário-geral da ONU.

O irônico é que na mesma segunda-feira (9) da divulgação do estudo, a China, maior emissor global de gases de efeito estufa (GEE), anunciou a reabertura de 15 usinas de carvão. O número soma-se a outras 38 ativadas no início do mês na Mongólia, em ação para diminuir a escassez de energia na região. Adendo: o país asiático se comprometeu a atingir a neutralidade de carbono até 2060.

No Brasil, onde o maior índice de emissões está no uso da terra, as notícias também são desalentadoras. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o desmatamento da Amazônia alcançou 8.712 km2, o terceiro maior da década, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Situação que preocupa Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “Todos os brasileiros já estão sentindo as consequências dessa política da destruição: o aumento da conta da luz, o risco de falta de água e as dificuldades do homem do campo”, disse. No discurso, o País garantiu neutralidade de carbono até 2050.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1235 da Revista Dinheiro)