A nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil representa o fim antecipado do governo Dilma Rousseff. Na teoria – e, também, na prática –, Lula é mais bem articulado no meio político do que Dilma. Isso pode garantir uma governabilidade maior e um relacionamento menos bélico com o Congresso Nacional. A dúvida central, no entanto, é: a economia vai melhorar ou piorar?

Em conversas com empresários, investidores, economistas e analistas de mercado, pode-se concluir que ainda há uma enorme interrogação sobre o atual pensamento econômico do ex-presidente que vai assumir o papel de super-ministro, com amplos poderes na economia. Qual Lula está chegando a Brasília? 

É o Lula que teve bom senso em 2002 ao divulgar a famosa “Carta ao Povo Brasileiro”? Trata-se do mesmo Lula que formou uma equipe ortodoxa em 2003, dando prosseguimento à política econômica do governo FHC? Ou é aquele Lula radical, das primeiras campanhas presidenciais, que empunhava a bandeira e a cartilha do PT.

Se for o Lula mais “ortodoxo”, com medidas coerentes e responsáveis do ponto de vista fiscal, é possível que o clima econômico melhore um pouco. No entanto, devemos salientar que o fantasma da Lava Jato (leia-se risco de prisão) continuará lhe assombrando, ainda que agora tenha foro privilegiado. 

Por outro lado, se o ex-presidente desengavetar ideias malucas defendidas pelo PT, como a redução na marra dos juros, benefícios fiscais ao consumo e utilização das reservas internacionais para estimular a economia, o País entrará num caminho sem volta rumo ao fracasso. Nesse caso, os pessimistas de plantão, que adoram o slogan “Sempre pode piorar”, estarão com a razão. Será uma recessão do tipo rosca sem fim…