A pandemia da covid-19 diminuiu as expectativas de crescimento em 2020 para todos os setores. Alguns empresários, no entanto, acreditavam que o ano poderia ser ótimo para os negócios. Para Alberto “Turco Loco” Hiar, dono da grife Cavalera, 2019 era o ano para o campo político organizar o país e, assim, ter mais tranquilidade em 2020, o que não aconteceu em sua avaliação.

“Percebemos que a figura do presidente não está aberta ao diálogo. Ele não quer conversar com os poderes. Ele acreditou que a sua verdade era plena e ninguém tem isso. Vamos ter que enfrentar mais dois anos desse governo e o meu medo é que não tem uma grande liderança para salvar o Brasil”, afirmou hoje (25) o empresário em live da IstoÉ Dinheiro com diretor de núcleo da Editora Três, Celso Masson.

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O executivo avaliou que, atualmente, o Brasil tem uma direita raivosa por ter sido enganado pela esquerda. “Isso foi frustrante e com esse mix de sentimentos sobre a política não tem como dar certo. Somos movidos pela classe política. Mais de 40% do que a gente faz vai para os impostos e se isso não volta como benefícios. Não tem como seguir”, explicou.

Para Hiar, as pessoas deveriam  ter a mesma certeza que têm ao escolher suas músicas ou roupas na hora de votar. “Não tem mais isso da bandeira da corrupção, isso é ética. Queremos votar em um presidente que conheça o Brasil, que entenda os mais de 220 milhões de habitantes desse país e quais são os seus potenciais.”

Hiar teve a sua própria vivência na política como vereador e deputado estadual pelo PSDB em São Paulo. Ele contou que decidiu abandonar a vida pública quando percebeu que não conseguia mais causar impacto. “A Cavalera é o meu espaço para mostrar a importância da discussão de políticas públicas para minorias e pessoas à margem da sociedade. Vemos muitas marcas querendo levantar essas bandeiras, mas isso precisa ser real. O público sabe quando não é de verdade. Sempre mostramos a pluralidade e o plural me faz ser melhor.”

Atualmente, o empresário também é presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest). A previsão é que a indústria da moda, que tem produtos de alto valor agregado, registre uma queda de 50 a 60% neste ano. “O setor de moda tem uma antecipação de calendário de seis meses, as vezes um ano. Toda a produção que está agora nas lojas já tinha sido paga e é disso que estamos sobrevivendo. A coleção de inverno foi muito prejudicada, inclusive alguns lojistas tiveram que devolver as peças”, relatou.

Para 2020, o Turco Loco revela que teria projetos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Porém, as exposições eram físicas e estão interrompidas por conta da pandemia. “Nós estamos pensando em iniciativas online, o que é uma novidade para nós porque um desfile tem uma super produção, que não seria possível nesse momento. Eu digo que um desfile é quase um filme, com cenário e roteiro. A moda é arte e precisa desse contato para emocionar.”

Gastronomia filantrópica

O outro negócio de Hiar, o restaurante Jamile, em parceria com o chef Henrique Fogaça e Anuar Tacach, durante a pandemia tem sido a sede do projeto Marmita do Bem. O executivo, com a ajuda de celebridades e empresários de vários setores, oferece marmitas para moradores de rua. O objetivo é a distribuição de 10 mil refeições.

“No começo, pensamos em como utilizar os insumos que nós tínhamos já que o restaurante estaria fechado. Achava que só seria possível entregar umas 50 marmitas por dia durante um mês. Mas o projeto foi crescendo. Fizemos uma vaquinha e ainda estamos com a ação. Agora vamos focar na arrecadação de cobertores, uma demanda que veio dos moradores”, revelou.

Assista aqui a entrevista: