O usuário de celular não conhece empresas como Solectron, Flextronics e SCI. São elas, entretanto, que fabricam a maior parte dos aparelhos celulares famosos. Nos últimos meses, gigantes globais como Ericsson, Nokia e Motorola decidiram abandonar a produção de celulares no Brasil. As marcas continuam firmes no mercado, mas o trabalho de chão de fábrica não pertence mais a essas companhias. Quem o faz são companhias que reúnem a produção de vários equipamentos, até mesmo concorrentes. A tendência é mundial. A pressão pelo corte de custos acaba passando pela redução dos ativos fixos, incluindo fábricas, máquinas e instalações. Agora, a idéia de livrar-se da manufatura conquistou o mundo das telecomunicações. ?Para o consumidor, o que importa é a qualidade do produto final?, diz Aldo Moino, diretor de marketing da Ericsson.

Do ponto de vista de manufatura não há muitas diferenças entre um celular da Nokia e um da Motorola. ?Os componentes são muito semelhantes?, afirma Celso Camargo, presidente da Flextronics no Brasil. No mês passado, a matriz arrematou todas as fábricas de celular da Ericsson no mundo, incluindo a unidade brasileira, em São José dos Campos. ?O risco de quem produz para todo mundo é menor, porque se ganha em escala?, afirma Ricardo Bataglia, presidente da SCI do Brasil. ?A dona da marca está livre para investir em outras áreas.? Com 600 funcionários e US$ 100 milhões de investimentos no Brasil, a empresa está no País desde 1997 e tem um faturamento global de US$ 10 bilhões. Em sua lista de clientes estão nomes como Dell, Compaq, HP e Nortel.

A presença da informática é forte nessa lista porque esse foi o primeiro setor a descobrir as benesses da terceirização. ?Os clientes procuram maior competitividade?, diz Ricardo Bloj, da Selectron. A empresa existe há 20 anos, tem mais de 30 clientes no mundo e 15 no Brasil. É dela a responsabilidade sobre quase toda a produção brasileira da marca IBM, realizada em Hortolândia, interior de São Paulo. Seus 1.450 funcionários brasileiros operam três fábricas. Todos os fabricantes de aparelhos de informática e telecomunicações estão terceirizando as suas linhas? Não. Mesmo num cenário propício à terceirização, existem focos de resistência. Recentemente a Siemens realizou uma pesquisa no mercado para decidir quem iria fabricar os aparelhos de telefonia. O resultado mostrou que valia a pena construir fábrica própria.