A terceira tentativa de acabar com os combates entre as tropas azerbaijanas e as forças separatistas armênias em Nagorno Karabakh fracassou nesta segunda-feira, quando as duas partes trocaram acusações de “violação flagrante” do cessar-fogo negociado em Washington.

A “trégua humanitária” nos combates, iniciados no território montanhoso do Cáucaso em 27 de setembro, deveria começar às 8H00 locais (1H00 de Brasília).

Mas nesta segunda-feira, o ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão acusou as forças armênias de terem bombardeado a cidade de Terter e as localidades próximas, assim como posições do exército de Baku, ao mesmo tempo que afirmou respeitar o cessar-fogo de seu lado.

“Isto demonstra mais uma vez que a Armênia apoia apenas no papel o princípio de uma trégua humanitária”, afirmou Hkimet Gadjiev, conselheiro do presidente azerbaijano Ilham Aliev.

“De fato, protegendo-se por trás da trégua, tenta reagrupar (suas forças) para tentar adotar novas posições”, completou.

O ministério da Defesa de Nagorno Karabakh denunciou disparos de artilharia do lado inimigo contra suas posições em diversos pontos.

Também afirmou que as forças sob seu controle “respeitam estritamente os acordos concluídos e que as acusações do inimigo não têm nada a ver com a realidade”.

As duas partes denunciaram uma “violação flagrante” da trégua por parte do inimigo.

O acordo foi negociado durante o fim de semana em Washington, em plena campanha do presidente americano Donald Trump para sua reeleição. Trump prometeu solucionar o conflito, afirmando que seria “algo fácil”.

Duas tréguas já fracassaram antes: a primeira anunciada em Moscou em 10 de outubro e a segunda em Paris no dia 17.

– Bloqueio diplomático –

Azerbaijão e Armênia protagonizam um conflito amargo sobre Nagorno Karabakh desde que os separatistas armênios respaldados por Yerevan assumiram o controle da área em uma guerra na década de 1990 que deixou 30.000 mortos.

A autodeclarada independência de Nagorno Karabakh não foi reconhecida pela comunidade global, nem sequer pela Armênia. De acordo com o direito internacional, o território continua sendo parte do Azerbaijão.

Em Stepanakert, a principal cidade do território separatista, a noite foi calma. Mas poucos minutos antes da entrada em vigor do cessar-fogo os moradores ouviram uma explosão e observaram uma coluna de fumaça em uma área próxima. Também ouviram disparos de artilharia.

A comunidade internacional não conseguiu até agora negociar uma trégua duradoura nem uma resolução pacífica do conflito.

Na semana passada, a Armênia descartou qualquer solução diplomática e o Azerbaijão afirmou que qualquer negociação tinha como condição prévia a retirada das tropas armênias de Nagorno Karabakh.

O Azerbaijão, país rico em combustíveis, aumentou o arsenal militar nos últimos anos com a compra de armas da Rússia, Turquia e Israel.

O governo turco é acusado de mobilizar combatentes pró-Turquia da Síria no conflito.

O presidente russo Vladimir Putin, cujo país atua tradicionalmente como árbitro na região, declarou na quinta-feira que o balanço dos combates desde o fim de setembro se aproximava de 5.000 mortos.

As forças do Azerbaijão conquistaram nas últimas semanas territórios que estavam fora de seu controle desde os anos 1990, após o fim da União Soviética, mas nenhum avanço determinante foi registrado.