A Turquia acusou nesta sexta-feira a Grécia de evitar o diálogo e mentir depois que o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis declarou que as negociações da Otan para reduzir as tensões no Mediterrâneo oriental só podem ser realizadas quando Ancara cessar suas “ameaças”.

“A Grécia demonstrou mais uma vez que não é a favor do diálogo”, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, a jornalistas nesta sexta-feira.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, por meio de um tuíte, garantiu que a Grécia e a Turquia – ambos membros da Aliança Atlântica – “concordaram em travar conversações técnicas”, com o objetivo de prevenir qualquer novo incidente no Mediterrâneo oriental, onde um navio de prospecção turco e navios de guerra se encontram em águas gregas desde 10 de agosto.

Na quinta-feira, a Grécia negou que entrará em negociações com a Turquia.

“A informação que foi revelada sobre alegadas discussões técnicas na Otan não corresponde à realidade”, disse o Ministério das Relações Exteriores grego em um comunicado.

O ministério grego insistiu que “a distensão só ocorrerá com a retirada imediata de todos os navios turcos da plataforma continental grega”.

– Não há acordo –

Stoltenberg escolheu melhor suas palavras nesta sexta-feira durante uma coletiva de imprensa.

“Nenhum acordo foi alcançado, mas as negociações começaram”, insistiu.

A Turquia deve pôr fim às suas “ameaças” contra a Grécia para que as negociações possam começar e a tensão entre os dois países se acalme, pediu o primeiro-ministro grego nesta sexta-feira.

“Vamos deixar de lado as ameaças para que possamos iniciar contatos”, disse o chefe do governo, durante uma visita a Atenas de um alto funcionário do Partido Comunista Chinês.

Em Ancara, o ministro Cavusoglu argumentou que a Grécia havia aceitado a proposta quando ela foi feita.

“A Grécia negou as palavras do secretário-geral, mas quem mente aqui não é o secretário-geral da Otan, é a própria Grécia”, disse o ministro turco à imprensa.

Desde 10 de agosto, a Turquia enviou o navio de prospecção “Oruç Reis” para uma área rica em depósitos de gás no Mediterrâneo oriental reivindicado pela Grécia e rica em hidrocarbonetos.

No final de agosto, aumentaram as tensões entre a Turquia e a Grécia, que realizaram exercícios militares rivais, o primeiro com os Estados Unidos e depois com a Rússia, e o segundo com a França, Chipre e Itália.

As relações da Turquia com a Grécia se deterioraram por causa dessa disputa no Mediterrâneo, bem como por outras questões, como a migração ou a decisão de Ancara de converter antigas igrejas ortodoxas em mesquitas.

A Turquia também realiza exploração de petróleo na zona econômica exclusiva da República de Chipre, um país da UE que Ancara não reconheceu desde a divisão da ilha em 1975.

– “Agressividade” da Turquia –

“Há agressividade” por parte da Turquia “com a intenção de assumir o controle da área como um todo e, portanto, estamos testemunhando uma tensão crescente.

A situação é muito volátil e preocupante”, disse à AFP o presidente cipriota Nicos Anastasiades.

Anastasiades apelou à “ONU e à comunidade internacional (…) para usar todos os meios para aumentar a pressão sobre a Turquia” para “cessar suas atividades ilegais”.

burs-jph-mr/me/mis/cc