Para o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada, os atos favoráveis ao ministro da Justiça Sérgio Moro, que aconteceram em várias cidades do Brasil neste domingo, 30, não trazem nenhum “fato novo” ao cenário político. Ele acredita, no entanto, que a presença dos manifestantes nas ruas é relevante, inclusive para ajudar Moro a se manter no governo.

“Parece ser relevante esse apoio organizado em um momento em que essa agenda da Lava Jato ainda ocupa espaço no debate político”, disse Cortez, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para ele, a divulgação de mensagens atribuídas a Moro fez com que ele perdesse o status de “superministro”, o que “de alguma maneira facilita as relações de Bolsonaro com ele”.

Cortez avalia ainda que os atos, ainda que não tragam novidades ao cenário, mostram que há uma parcela relevante da população disposta a defender nas ruas a agenda do governo de Jair Bolsonaro.

Ainda assim, isso não torna mais fácil para o governo a construção de uma base parlamentar. “Essa é uma popularidade que não gera vitórias automáticas para a agenda bolsonarista”, considerou.

O analista acredita que as críticas ao Congresso, presentes nas manifestações, não mudam a velocidade da agenda de reformas entre os parlamentares. “A crítica não impediu que a elite da Câmara dos Deputados, com destaque para o Rodrigo Maia, tomasse a Previdência como agenda sua. O fundamental é saber se o final do semestre legislativo vai compensar os atrasos gerados pela retórica bolsonarista”, disse ele.