A arte brasileira vive um momento de valorização. Em 2017, o cearense Leonilson (1957-1993) teve seus trabalhos expostos em uma exposição na Americas Society, em Nova York. No mesmo ano, Alfredo Volpi (1896-1988), um dos mais importantes pintores brasileiros, foi reconhecido na Europa com uma exibição no Nouveau Musée National de Mônaco. Agora, é a vez de Tarsila do Amaral (1886-1973) ganhar sua primeira exposição individual no cenário internacional.

Mais de 120 obras, entre elas o quadro Abaporu (1928), estimado em US$ 40 milhões, estão expostas no Museu de Arte Moderna (MoMa), nos Estados Unidos, até 3 de junho. “Esse é um movimento que vem sendo pavimentado por grandes artistas brasileiros”, diz Jones Bergamin, diretor presidente da Bolsa de Arte do Rio. “Ligia Clarck, Hélio Oiticica, Mira Schendel e Lygia Pape são sucesso de venda em leilões no exterior e também tiveram suas obras expostas em museus de Nova York, Chicago e Londres.”

Um dos principais termômetros para medir o aquecimento do mercado de arte, que movimenta globalmente US$ 45 bilhões por ano, de acordo com o Global Art Market Report,é o Festival Internacional de Arte de São Paulo (SP-Arte), que teve início na quarta-feira 11 de abril, com encerramento no domingo 15, no pavilhão da Bienal. Ele reuniu obras de dois mil artistas nacionais, como Sandra Mazzini e Paulo Pasta, e internacionais, como o chinês Ai Weiwei. Considerado um dos principais espaços para o intercâmbio cultural e artístico entre curadores, colecionadores e artistas na América Latina, a SP-Arte gera mais de R$ 220 milhões em negócios.

Para 79% das galerias brasileiras, internacionalizar o negócio valoriza a arte brasileira. “A feira está formando novos colecionadores”, diz Bergamin. “Ela tem um papel fundamental na internacionalização e valorização da arte.”Desde que foi inaugurada, em 2005, a feira tem apresentado crescimento. Na primeira edição, 41 galerias participaram, sendo apenas uma estrangeira. Neste ano, o total chegou a 164, com 97 brasileiras e 34 internacionais. “É um recorde”, diz Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora da SP-Arte. “Isso é um sintoma muito positivo da presença do Brasil no cenário internacional e da relevância do País como destino de grandes galerias de arte.”

Mas a feira teve de passar por algumas provas de resistência neste ano. A primeira foi a diminuição de verba de captação via Lei Rouanet, que caiu de R$ 4 milhões para R$ 2,2 milhões. A segunda foi a mudança nas tarifas de armazenagem nos aeroportos, que são pagas até que a liberação da Receita Federal aconteça. As concessionárias de Guarulhos, Viracopos e Galeão utilizaram uma nova tabela para as artes, o que fez com que o valor saltasse de R$ 200 para R$ 17 mil por obra. Por conta disso, as galerias onde estão os trabalhos das brasileiras Beatriz Milhazes e Valeska Soares decidiram não expor na SP-Arte.